quinta-feira, 26 de março de 2009

Esperar é preciso.


Uma amiga minha leu o post em que falei da angústia da espera durante a gravidez e então me chamou no MSN e disse, "li teu post e lembrei de uma coisa. Tu já parou para pensar que estas 40 semanas são nada mais nada menos do que um período para que os pais se preparem para receber o bebê?"
Nossa, como eu não tinha pensando nisso antes. Imagina se o bebê nascesse em 30 dias. Estaria instaurado o caos.

Os papais de primeira viagem teriam apenas 30 dias para:

- se preparar psicologicamente
- mobiliar o quarto do herdeiro
- organizar o chá de bebê contemplando a galera do escritório, as amigas do chimarrão, a família dele, a família dela
- comprar todos os 250 itens da lista de enxoval do bebê
- fazer o estoque de 900 fraldas que serão usadas já nos primeiros 3 meses de vida
- fazer o curso de gestante em tempo récorde para aprender como se dá banho, troca fralda, faz arrotar, faz dormir, o que dar para o bebê em caso de cólica, refluxo, gases, entender e saber decifrar os 10 tipos diferentes de choro
- ler todo o livro O que esperar quando você está esperando (são umas 500 pg)
- escolher os padrinhos (essa etapa é bem complicada)
- conversar com outras mães para pegar dicas e mais dicas de como ter o primeiro bebê sem maiores traumas (principalmente para o bebê)

- se preparar muito, muito, muito para o dia do parto, principalmente se for como eu, que tem muita vontade de ter parto normal

Realmente 40 semanas agora me parecem pouco. hehehe

terça-feira, 24 de março de 2009

Esperar, esperar e esperar...


Quem criou o termo esperando bebê entendeu completamente o que acontece nestes nove meses - ou quarenta semanas, como insistem os médicos. São nove meses de espera. É tudo espera. Desde o primeiro exame de sangue até o último ultrassom. Fizemos a primeira ultrassonografia dia 04 de março. E agora a próxima é só dia 08 de abril. Pra mim isso é uma eternidade. Seria tão bom se eu perguntasse pro meu bebê "oi amor, como tu estás?" e ele me respondesse na hora "tô ótimo mamãe, não te preocupa". Isto eliminaria todos os meus pensamentos de será que ele tá bem? Será que tá crescendo? Será que o tubo neural já está formado? Será que as mãozinhas e pézinhos estão perfeitos? Será que vamos poder ver se é menino ou menina? Será que ele gostou da torta fria que comi ontem? E esta angústia toda também seria em parte eliminada se o nome da ultrassonografia das 12 semanas não fosse ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA DE CÁLCULO DO RISCO FETAL. Não precisava né? O médico podia só dizer: "é apenas uma ultrassonografia" e lá dentro, só pra ele, saber pra que serve. Com certeza os futuros papais dormiriam melhor à noite.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Estar grávida é...

Recebi este texto do meu marido e futuro papai e achei muito fofo. É difícil não se identificar com tudo que está escrito.

Estar grávida é...

...ler 50 vezes o resultado do exame pra ter a certeza de que é positivo mesmo.
...ficar chocada ao saber que uma gestação dura 40 semanas e não 9 meses como todo mundo diz por aí.
... se pegar imaginando, por horas a fio, como serão os olhos, os cabelos e a pele do filho que vai chegar.
... rezar todos os dias e muuuuuito pra que ele nasça perfeitinho.
... nunca mais dizer " Ai, se fosse meu filho! " quando encontrar uma criança tendo acessos de birra no corredor de um shopping center.
... sair na rua e só enxergar mulheres grávidas.
... ter sono, muuuuuito sono.
... esperar ansiosamente pelo dia do ultrassom, e assim que sair de lá, esperar ansiosamente pelo próximo.
... aprender a enxergar o filho nas manchas de um ultra-sonografia.
... ler muito sobre gravidez, pular o capítulo do parto (pois ainda é
muito cedo pra se preocupar) e ir direto para os cuidados com o bebê.
... ir ao shopping e desejar apenas coisinhas para o filho.
... torcer pra ficar barriguda!
... ficar muito esquisita e descobrir uma incrível capacidade de sentir todas as emoções em uma só hora, da alegria descontrolada ao mau humor sem fim.
... acordar várias vezes de madrugada pra fazer xixi.
... rir sozinha ao sentir o bebê mexer, mesmo que ele te acorde várias vezes durante a noite, pq vc não esta numa posição confortavél pra ele.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Aprendendo a engordar


Antes de engravidar eu passei por um processo longo e complexo de auto-conhecimento, que envoleu terapia, um olhar - muitas vezes doloroso - para dentro de mim, dos meus erros, dos meus acertos, das minhas frustrações e de tudo que no passado refletia em mim hoje.


Foi um ano inteirinho indo em busca daquela parte do iceberg que fica embaixo d´água, que não aparece, mas quando tocada, causa grandes estragos. No meu caso, por sorte, acessar o meu iceberg particular significou grandes mudanças e hoje eu vejo que todas foram para melhor. E uma destas mudanças foi o meu emagrecimento.


Quando tudo começou eu estava pesando 78 quilos (numa pessoa de 1,62 isto é um crime) e não suportava mais me olhar no espelho. Estar gorda foi a mola propulsora que desencadeou todo o resto. Busquei terapia, busquei uma clínica de reeducação alimentar e me pluguei nisso como se fosse realmente a minha última chance. Em um ano, eu perdi 12 quilos. Virei outra pessoa, ou melhor, resgatei a pessoa que estava escondida atrás dos meus pneus. Então, alcancei minha meta, casei de vestido branco sem parecer a modelo da liquigás e fui pra lua-de-mel me sentindo a mais linda do mundo.


Agora eu estou reaprendendo a engordar. É engraçado né? Nestes dias eu estava pensando que com relação a gravidez eu tô tranquila com tudo. Sei que o bebê está bem. Tenho convicção e confiança em Deus de que ele vai ser saudável e perfeito. Tenho a nítida impressão de que a gravidez vai ser muito tranquila. Quero parto normal e não tenho medo nenhum. Mas morro de medo de engordar. Então agora eu continuo fazendo terapia e reeducação alimentar para me acostumar com a idéia de que durante estes quase sete meses que restam o ponteiro da balança vai subir e que isto não significa que deixei meu "lado gordo da força" tomar conta de mim. É só meu bebê, que precisa crescer, se desenvolver e que para isso, precisa de uma mãe que se alimente bem, com qualidade e principalmente, sem culpa.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Eu nem não tô mais brava.


Um pedido de desculpas.
Atenção e carinho.
Um sanduiche com mortadela, queijo e pepino japonês.
Uma massagem relaxante com óleo de gengibre.
E toda a ira que eu senti ficou pra trás.
Como diria o meu inesquecível professor João "o homem é um homo complexus". Mas é muito fácil tornar as coisas simples.
Normalmente alguém tem que ceder.
Mas a pergunta que fica é: quer ter razão? ou quer ser feliz?






quinta-feira, 12 de março de 2009

Primeiro dia da Terapia do OK fracassa.


Depois do meu último post segui determinada em busca do Buda de calça jeans que existe dentro de mim. Estava tudo indo muito bem. Eu já tinha feito vários avanços. No caminho de casa até o trabalho, passei por vários motoristas enlouquecidos, pedestres suicidas e não soltei nenhum ai. Me mantive calma, controlada e até orgulhosa. Tá certo, era só o primeiro dia, mas o otimismo faz parte desse processo. Quando cheguei no trabalho, estava tão feliz que convidei meu marido pra almoçar. Tinha muitas novidades sobre a minha primeira consulta do pré-natal, estava empolgadíssima por minha gineco linha dura ter me liberado o queijo gorgonzola e a depilação com cera. Combinamos pelo msn e ele me disse: "às 11h45 passo aí pra te pegar". Às 11h30 eu já estava posicionada na recepção. Chegou 11h45 e nada. Chegou 12h00 e nada. Eu ligava para o celular e nada. Comecei a ficar preocupada. Quando olhei no relógio e eram 12h20, decidi ligar para o trabalho dele e qual não é minha surpresa quando a sua colega me diz "o Fabricio está almoçando". Só consegui dizer "mas ele ia almoçar comigo". Foi a frase mais coitada dos últimos tempos. O cúmulo da rejeição. Fiquei muda por uns segundos até que ouço a voz dele do outro lado com um meio entalado "me esqueci". Foi aí que a terapia do ok foi pro brejo. Terapia do ok o cacete! Fiquei puta. E nem deu tempo de ele dizer que viria mesmo assim eu disse "eu não quero te ver" e bati o telefone. Nestas alturas meu estômago estava lambendo minha coluna e eu fui correndo em busca de almoço. Com raiva, chorando de raiva. Não encontrei lugar para estacionar e vim parar na padaria perto da agência onde descolei um strogonoff meio frio com batata palha, arroz e salada. Comi mais para matar a fome do que por prazer. Voltei a falar com meu marido no final do dia, pq ele me chamou no msn e quando tudo parecia estar ficando bem ele me solta essa "não me espera pra jantar, pq tenho sinuquinha hoje". Só um pouquinho! Não tem terapia do Ok que resista a isso. Já não me sinto mais uma fracassada, pq sei que qualquer pessoa em situação parecida ficaria, no mínimo, irritada. É um desafio para os nervos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Terapia do OK


Nas minhas leituras para entender melhor o universo da maternidade me deparei com uma matéria sobre recentes estudos que comprovam que o bebezinho desde a concepção tem sentimentos. Dizem que ele pode sentir tudo que se passa com a mãe. Emoções como euforia, raiva, nervosismo ou tristeza afetam o bebê e, dizem os pesquisadores, podem ter influência no seu temperamento após o parto. Foi aí que eu parei. Só hoje, numa breve passagem pela BR116, eu já mandei praquele lugar vários motoristas e me estressei, me estressei muito.
Fiquei pensando que o mais correto deveria ser eu incorporar o temperamento do Buda à minha rotina. Ser praticamente o Buda de calça jeans. Mas como eu faço isso? Sou explosiva, fico irritada com enorme facilidade, falo palavrão, meu coração dispara por qualquer coisa e pra que eu perca o controle e mande tudo longe é mega rápido. Lembrei da minha terapeuta. Ela sempre me fala da terapia do ok. Funciona mais ou menos assim: alguém te cortou a frente na BR116? ok. Seu cliente conseguiu esvaziar seu cérebro com milhões de asneiras? ok. Seu marido disse que chegava do futebol até as oito e chegou às 11h30? ok. Seu dia tá sendo a visão do inferno? ok. É praticamente o conceito do Buda de calça jeans, só que mais objetivo. Uma coisa é certa, eu ainda tenho tempo para reverter as chateações que fiz meu bebezinho passar. Só hoje foram uns cinco "vai tomar no cu"... que tipo de mãe sou eu? Só de pensar que ele (a) pode nascer chorando e assim ficar por muito tempo, só pq puxou o estresse da mãe, me dá um frio na espinha. Melhor eu virar o jogo agora, do que ter que pagar por isso mais tarde. Não sei se vai dar certo. Mas prometo que vou me esforçar.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Multiplicação das Grávidas

Mal descobri que estou grávida e as grávidas se multiplicam feito epidemia.


Elas estão por todo o lugar.


Na pracinha.


No shopping.


Nos pontos de ônibus.


No super.


No salão de beleza.


Umas usam macacão para comportar o imenso barrigão.


Outras usam calça jeans pra mostrar que ainda estão em forma (ou será que compraram a calça dois números maior?)


Altas, baixas, mais gordinhas ou magrinhas, todas tem o mesmo olhar.


Algo de anjo, um brilho diferente, acho que é uma sensação de poder.


O poder de gerar dentro de si um outro alguém.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O primeiro contato com a maternidade


Depois do teste de farmácia, fiz o exame de sangue e confirmamos o que já sabíamos: positivo para gravidez. Na minha primeira consulta como grávida percebi como é cheio de detalhes este novo mundo. De um lado uma futura mamãe e um futuro papai ansiosos para espalhar a grande novidade, de outro a minha gineco objetiva o suficiente para dizer "não digam nada ainda, pois tem chance de o embrião não vingar". Imagina a minha cara. Eu a pessoa mais ansiosa do mundo, tendo que esperar de novo.

Depois de várias reuniões via msn, decidimos contar para nossas famílias e pedimos segredo até o dia 04 de março, onde teríamos a ultrassonografia para ver como estava o bebê. Chegou o grande dia. A consulta era às 8h15 e minha mãe já me ligou às 7h30 pra saber como eu estava, quando era o exame e pedir que eu ligasse voando, assim que terminasse.

Fabricio e eu tomamos nosso café e antes de sair de casa sentamos em nossa cama, bíblia na mão e fizemos uma oração para que tudo corresse bem. Até o Popó - o hipopótamo de pelúcia que compramos pro nosso baby - rezou com a gente.

Eu tava tão nervosa, que quando estacionei não vi que era local proibido e o Fabricio teve que estacionar de novo enquanto eu ia fazendo os trâmites pro exame.

Finalmente entramos na sala, eu de jaleco fui posicionada na maca e o Fabricio ficou sentado de frente para o monitor. Quando o médico entrou foi logo perguntando ser era nosso primeiro filho, se já tínhamos nome... tudo para quebrar o gelo, pq este exame não é nada bonitinho, mais sob o ponto de vista do marido, do que da mulher. Eu estava tão ansiosa pra ver o bebê - ou algo parecido com ele - que nem percebi que o exame já estava acontecendo e que já tinha uma imagem no monitor. Foi quando o médico falou "primeiro vamos ver se não são dois". Quase enfartei. Pensei "mal me acostumei com idéia de um. Imagina se forem dois." Felizmente, era apenas um.

Ver a imagem dele no monitor, foi uma das experiências mais doidas da minha vida. Um serzinho, que mais parecia um girino, paradinho ali e toda uma estrutura já acontecendo. Placenta se formando, ele já se alimentando, tudo acontecendo dentro de mim. Uma vida acontecendo dentro de mim. O bebê estava medindo 1,3 cm e tudo estava bem. Foi aí que chegou o momento mais importante: ouvir seu coração. Nossa, que loucura! Um ser de 1,3 cm com um coração batendo forte, alto e rápido (157 batimentos por minuto). Não consegui me segurar e chorei. Acho que neste momento minha ficha caiu e eu me dei conta de que realmente eu seria mãe.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Esperando a hora certa.


Fabrício e eu somos, segundo uma amiga minha, um casal sonho de consumo. Estamos juntos há quase dez anos. Vivemos uma história cheia de momentos engraçados, emoções, algumas brigas, pazes, autoconhecimento, descobertas, enfim, todo o turbilhão de situações que envolve dividir a vida com outra pessoa e ainda assim manter o amor.

Acho que passamos pelos, digamos, passos básicos de um relacionamento: nos conhecemos, namoramos, fomos morar juntos, quando vimos que nenhum dos dois surtou, casamos e chegamos naquele momento "e agora? será que não é o momento de ter um filho?".

Eu, com meu estilo mais baiano, dizia "não sei não. será que não é uma de darmos mais um tempo sozinhos?" e ele, sem nenhuma cerimônia dizia "como assim mais tempo sozinhos? São quase dez anos!". Então deixei todos os meus medos de lado e foi aí que tudo começou. Parei de tomar pílula em novembro para desintoxicar meu corpo dos anos e anos e anos de pílula e nesse meio tempo íamos fazendo a famosa e - mais do que comprovada ineficiente - tabelinha.

Mas na minha mente controladora e autosuficiente eu iria engravidar quando eu quisesse - no caso, em setembro. E assim fomos em frente. Mas teve uma tarde de janeiro em que alguma coisa diferente aconteceu. Não sei como explicar, mas senti que aquele sexo tinha sido diferente dos outros e fiquei com aquela sensação, mas não dei muita importância, afinal segundo a tabelinha, aquele dia era "livre".

O tempo foi passando e a minha menstruação não vinha. Mas ao mesmo tempo, meus peitos doíam, eu andava irritada com tudo e chorona (muito mais do que o normal). E pensava: é a menstruação. Tô na TPM. E nada.

Até que comecei a cogitar a possibilidade. "Será?" era o meu nick no msn... e minha cabeça a mil. "Será?" Até que decidi fazer um teste de farmácia. Foi pouco antes do carnaval. Fui na farmácia, pedi o teste mais ninja de todos e corri pra casa. Fazer teste de gravidez é muito constrangedor. Aquele micro recipiente, tu tentando mirar pra acertar a dose certa de xixi pra atingir a linha vermelha do micro potinho e toda a ansiedade de esperar pelo resultado. No meu caso, nem precisei esperar os cinco minutos das instruções. Em dois segundos, deu PO-SI-TI-VO.

Fiquei olhando o papelzinho mijado dentro do pote e os dois tracinhos cor de rosa e pensava: "e agora?" Sentei e comecei a chorar. Uma mistura de pavor, alegria, mais pavor, e uma sensação de que tudo tava arrumadinho no seu devido lugar e que um furacão passou e bagunçou tudo.

Aí pensei: "tenho que contar pro Fabricio." Aí levei o papelzinho mijado na empresa onde ele trabalha e com cara de criança que fez "arte", mostrei pra ele o resultado e falei "deu positivo. tô grávida". A gente se abraçou eu chorei muiiiiiiiiiitttttttttoooooooo e no fim das contas decidimos que tudo bem. Confesso que esse tudo bem era muito mais pelo Fabricio do que por mim. Eu continuava apavorada. Mas resolvi me dar esse tempo. Afinal de contas, não é todo dia que a gente é mãe pela primeira vez.