quarta-feira, 31 de agosto de 2011

1 ano e 10 meses. Descobertas e desafios.

O Francisco pega um DVD na estante, vem correndo pra mim e diz com um sorrisão no rosto:
- Mamãeeeeee, Uchu é ligal.
Olhei pras suas mãozinhas e ele estava com o DVD do U2. Nem preciso dizer que quase morri de rir - e de orgulho - dele. E concluí que ele queria dizer que "U2 é legal".
E esta é só uma das pérolas dessa fase do Francisco, que completou há pouco 1 ano e 10 meses.
Ele já está falando umas cem palavrinhas, já formula frases simples, como por exemplo "me dá o mamá!", aliás, esta ele solta tão logo eu entro no quarto pela manhã, tamanha é a sua fome matinal.
Mas tem muitas outras coisas engraçadinhas. Aqueles momentos em que tudo está em silêncio e a gente quase esquece que tem criança em casa, mas aí decide dar uma conferida e quando vê está lá o Francisco dentro do banheiro, fazendo uma obra de arte com giz de cera na tampa branquinha da privada. Aí tu olha pra ele com ar de reprovação e ele solta "dessenho, mamãe".
Esta fase, também tem as imitações. Eles sempre imitam os pais.
Estes dias o Francisco estava fazendo de conta que me dava comida, mas eu disse que não queria e ele fez exatamente como eu faço com ele "ah, mamãe, só um buquinho". Tudo é tão fofo, mas tão fofo, que até pequenas desobediências são relevadas porque acabamos achando tudo uma gracinha e temos até pena de estragar aquele momento repreendendo. Mas é aí que mora o perigo. Mesmo sendo engraçadinho, a criança precisa aprender que tudo tem limite, que não pode riscar a parede, que não dá pra tirar tudo de dentro das gavetas, que não é legal ficar baixando e aumentando o volume do som. Que não é bacana jogar os brinquedos no chão, quando somos contrariados. São formas de mostrar para a criança que ela tem que aprender a lidar com limites e até com pequenas frustrações. E mesmo parecendo insignificante, isto vai fazer toda a diferença quando esta criança crescer e tiver que encarar o mundo com mais propriedade. Neste pouco tempo de convivência com o Francisco aprendi uma coisa: que não dá pra ter preguiça de educar. Tem sim, que falar mil vezes "não mexe aí", "não sobe a escada", "não atira os brinquedos", "não risca a parede", "não bota o dedo na tomada". Não, não, não... serão milhões deles ao longo do tempo, serão milhões de choros e serão milhões de "não adianta chorar, não faremos isto neste momento." E nenhuma criança deixa de amar os pais em função disto.
E com o tempo eu tenho percebido que funciona. É tudo uma questão de comunicação clara.
Lá em casa não tem essa de "come, que te dou um chocolate". Não quer comer, é porque não está a fim, quando tiver fome, vai comer. Na hora do banho, avisamos antes que ele terá mais um tempinho pra brincar e que logo depois chamaremos pro banho. Se chorar na hora? Não adianta. O que foi combinado, foi combinado. A hora de dormir? De segunda a 5a feira é sempre a mesma, nos finais de semana, pode ser um pouco mais tarde. As vezes tem choro, tem briga, mas ficamos irredutíveis e ele acaba entendendo que é assim e pronto.
Os pais precisam mostrar que eles estão no comando e não o contrário. A criança precisa deste norte, caso contrário ela fica perdida. Procuro também dar oportunidades de escolha ao Francisco, como por exemplo, perguntando que brinquedo ele quer levar pra escola, se ele prefere pera ou banana de lanche, se ele quer assistir a um DVD ou brincar no quarto. Aliás, esta foi uma dica da minha irmã, que já tem dois. E com isso a criança vai aprendendo que pode escolher, que pode se manifestar, que pode ter opinião.
Cada fase tem descobertas e inúmeros desafios e vai ser assim pra sempre. Porque para os pais seus filhos serão sempre pequenos e carentes de proteção.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pérolas que só acontecem nas pracinhas.




No último sábado aproveitamos o raro momento "fim de semana ensolarado" e levamos nossos afilhados Matheus (4) e Laura (1) e o Francisco para brincar na pracinha de Campo Bom. Aliás, os dirigentes de Novo Hamburgo deveriam se "inspirar" na prefeitura de Campo Bom e ver como uma cidade fica valorizada e mais vibrante com praças, ciclovias e parques que os seus cidadãos podem frequentar. Mas este não é o tom deste post. Foi só um desabafo por morar numa cidade que têm muita área livre e pouca vontade de fazer.


Ok, fomos na pracinha. Como foi um dos raros dias lindos deste inverno rigoroso que nós gaúchos temos enfrentado, a pracinha estava tomada de crianças de todas as idades, tamanhos, humores e um monte de adultos acompanhando. Numa observação que não precisava ser muito profunda já deu para observar os mais variados estilos de pais, de tios, de jeitos de cuidar dos filhos, de dar bronca, de cuidar da manha, de acudir quando o bonitinho ou bonitinha cai de um brinquedo ou leva um encontrão de uma criança maior que simplesmente "ignora" aqueles pequenos bebês que só atrapalham, e derruba sem dó nem piedade. Mas também deu pra presenciar algumas coisas muito engraçadas e outras que deveriam ser motivo de vergonha para muitos pais.




1. Tem criança que vai sozinha na pracinha.


Tinha umas crianças aloprando muito, tocando o terror, derrubando os pequenos, querendo puxar briga, furando a fila no escorregador, subindo o escorregador ao invés de descer, enfim, tendo um comportamento pouco sociável com os demais. E aí eu fiquei me perguntando "onde estão os pais destas crianças???". E pode saber que eles estavam ali. Muito provavelmente numa conversa muito animada com alguma amiga, muito provavelmente mãe de outra criança e muito provavelmente nem aí para o que o seu filho fazia. Pracinha não é babá e têm crianças que não se conhecem e que estão vivendo fases muito diferentes umas das outras. Os pais têm obrigação de controlar, auxiliar e dar um "chega pra lá" no seu filho quando ele não estiver sendo bacaninha com os outros.


2. Tem muita mãe sem noção


Estávamos eu e minha irmã sentadas em um banco, ela com a Laura no colo e o Fabricio brincando com o Francisco e o Matheus e uma menininha vinha até nós e dava um bjo ou braçava a Laura. Achei estranho tanto amor, mas minha irmã me disse que elas estão na mesma maternal. De repente, ela vem de novo e fala pra minha irmã, "me dá água, estou com sede", prontamente minha irmã deu e ela bebeu quase meia garrafinha num gole só, tadinha. Aí minha irmã perguntou "onde está a sua mãe?" e agora choquem com a resposta da menina de 7 anos "está ali atrás dando uns pegas num tio". Mellll delllsss!!! Que tipo de mãe abandona a filha a própria sorte na pracinha e vai "dar uns pegas num tio" num cantinho do lugar - e o que é pior, ainda conta isso pra filha? Com certeza foi o momento "choquei" do passeio.


3. Cigarro não combina com pais.


Podem me chamar de tudo: chata, mal humorada, politicamente correta, enfim, mas não posso fazer nada. Acho que cigarro não combina com pais e mães. Pronto, falei. É muito "cachorrão baixo astral" fumar perto de crianças. Tinha um senhor e sua esposa acendendo um cigarro após o outro e soltando fumaça na cara dos pequenos que brincavam na pracinha. O cara levava o filho e colocava no escorregador com o cigarro pendurado na boca. A gente queria lanchar e aquela fumaça medonha invadia a nossa bolachinha, o nosso iogurte, a nossa cara. Bah que saco! E outra, as crianças imitam. Se vêem o pai e a mãe fumando, pq não vão querer fumar também num futuro não muito distante? Até acho que se a pessoa gosta, curte, não consegue largar, ok, mas faz isso sozinha, quando não tem criança por perto.



4. Faça o que eu digo, mas não o que eu faço.


Um pai (o mesmo que fumava sem parar) chama a família para ir tomar sorvete. Até aí tudo inofensivo e queridinho. Sua esposa pergunta "fulanildo, onde tu estacionou o carro?" e ele "na vaga dos deficiente (assim no singular mesmo) e sai puxando duma perna no meio da pracinha tirando sarro e dizendo, "se o guarda me parar eu me finjo". Aí a mulher dele alertou "mas tem que ter o cartão e um adesivo no carro" e ele " eu digo que perdi e que peguei o carro emprestado." Que coisa mais feia, hein? As crianças presenciaram o pai pagando esse mico e devem ter pensado "como meu pai é esperto". Depois como cobrar uma conduta adequada dos pequenos?


Bom, chega por hoje. Essa ida à pracinha foi praticamente um estudo antropológico. Quase daria pra escrever um livro no estilo "Chique" só sobre como manter o "glamour" na pracinha.





quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ter filhos às vezes é uma comédia.

Eu fiquei um tempão sem postar nada, mas não foi por falta de novidade, podem ter certeza.
Na fase em que o Francisco está é uma novidade atrás da outra.
Mas aconteceu uma coisa tão engraçada esta semana, que eu tenho que dividir com vocês.
Tivemos um assunto super tenso pra resolver na segunda-feira, pois a loja onde fizemos um projeto de armário sob medida fechou e nosso móvel está cheio de problemas. Tivemos que buscar outra loja da marca e contar com a boa vontade de alguém que não fazia parte do problema em resolver.
Então marcamos com o dono desta loja para ele passar lá em casa e ele acabou se atrasando e chegando por volta das 20h30, bem no horário que o Francisco vai tomar banho e se preparar para dormir.
Ele chegou, o meu filho teve um breve (muito breve mesmo) momento "que vergonha deste titio estranho" e logo depois se soltou. Enquanto mostrávamos os problemas do guarda-roupas para o Sr. Régis, o Francisco assistia a nova febre do momento - Patati Patatá - na sala.
Mas volta e meia ele vinha até a porta do quarto e fazia alguma gracinha. Aí entra ele no quarto com o Neimar (o macaco de pelúcia e melhor amigo) pela mão, pega a minha mão e olha pro Fabrício e diz "papai roda titiaaaa". Ele queria que a gente brincasse de roda no meio do quarto, na frente de um desconhecido. Aí expliquei que não daria pra brincar agora, que estávamos conversando com o titio e que era pra ele voltar a brincar na sala. Ele foi. Tempo depois voltou e pediu colo. Aí no colo do Fabricio ficava fazendo caretas para o espelho e morrendo de rir. O tempo foi passando e ele foi ficando meio inquieto pq, afinal de contas, ele já teria que estar de banho tomado e tomando a sua deliciosa mamadeira. Então ele foi pra sala, pensou um pouco e segundos depois entrou correndo no quarto, olhou para o Sr. Régis e disse "titiuô, tchauuuuu". Tipo "já deu. pode ir embora que eu preciso tomar banho." Quase morri de vergonha e de rir. Aí o titio - que já tinha terminado - foi embora e o Francisco pode, finalmente, tomar banho, comer e ir domir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O seu filho segue você. Simples assim.



Estes dias presenciei uma conversa numa loja de um shopping e não pude deixar de prestar atenção.



Uma mãe comentava com a outra que tinha uma grande dificuldade de fazer o filho de dois anos comer saladas e legumes e que não sabia mais o que fazer, pois o pequeno só queria saber de guloseimas.



Aí a amiga perguntou: mas na sua casa vocês comem salada? E a mãe, prontamente respondeu: Nãããããoooo. Eu detesto salada, legumes. Não como nada disso.



Bom, acho que a defesa não tem mais perguntas.



Quando um bebê nasce, e antes mesmo dele nascer, na barriga mesmo, quem influencia seus gostos e hábitos alimentares é a mãe. A grande maioria das coisas que a mãe consumir na gestação serão preferência do bebê no futuro. Por isso, ter uma alimentação saudável, rica em verduras, legumes e frutas é tão importante para a formação dos hábitos alimentares da criança logo mais. E estudos comprovam que se a mãe engordar muito, ou comer muitos alimentos ricos em gordura, ricos em açúcares, as chances do filho ter problemas de sobrepeso na infância aumentam significativamente. Posto isso, voltemos ao caso da mãe que almeja que o filho seja um apreciador das saladinhas e não come nenhuma. Os pais é que são responsáveis por conduzir este processo com as crianças, até pq elas não têm hábitos pré-estabelecidos.



Elas assimilam o que lhes é oferecido. Se uma criança nunca comeu brócolis, como é que ela vai dizer que não come, ou não gosta? Por isso quando eu ouço "meu filho odeia brócolis", fico pensando até que ponto é o bebê que odeia. Lá em casa por exemplo, temos uma alimentação bem equilibrada, que acabei começando muito antes da gravidez por outros motivos, mas depois incorporei. Como deu certo na gravidez também, continuamos seguindo. Nós temos uma combinação lá em casa: deixamos as "junkisses" (que são uma delícia mesmo) para momentos fora da rotina. Festinhas de aniversário, jantinhas especiais em casa, na casa dos avós, enfim. O resultado disso é que o Francisco come yakissoba, brócolis, moranga, milho, vagem, feijão, arroz, carne com legumes, frutas, não toma refrigerante (aliás, nem sabe o que é e nem pede) e não fica pedindo doces e balas a toda hora. Na hora do lanche entre uma bolacha e uma pera, ele escolhe a pera ou um cacho de uvas. Mas tudo isso vem do fato de ele sempre ver os pais comendo e nos segue. Agora com quase dois anos, ele já faz as refeições conosco e come o mesmo que nós comemos. Então fica muito mais fácil. Claro que existe sim uma questão de paladar. Existem alguns alimentos que a criança pode não gostar "de verdade", mas antes de ter certeza absoluta, serão várias tentativas. Se não gostou de tal alimento refogado, apresenta cru. Se não gostou cru, faz um bolinho e coloca no forno. Se o bolinho não agradou, combina com outro alimento. Ou seja, paciência e persistência, sempre. O importante é entender que os filhos seguem seus pais, pois seus pais são seus modelos e todos nos inspiramos em nossos modelos (para o bem e para o mal). Se os pais não colocam saladas e legumes à mesa, como vão exigir que o filho coma? Se não comem frutas, qual o interesse que o filho vai ter em experimentar? E o mesmo vale para tudo. Se você quer que seu filho respeite, respeite. Se você quer que seu filho atravesse a rua na faixa de pedestre, atravesse. Se você quer que seu filho não fale palavrão, não fale (este vale pra mim diretamente). Educar dá bastante trabalho. Tem que se dispor a preparar um suco na hora, a ir pra cozinha e pilotar o fogão pra não comer só comida congelada. Mas ver os pequenos com bons hábitos alimentares e consequentemente, mais saudáveis vale todo o sacrifício.