quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A difícil tarefa de sair das fraldas.

O Francisco está com 2 anos e cinco meses e, meio que motivados pela empolgação das profes que afirmaram que grande parte da turminha do Francisco está tirando as fraldas, decidimos começar o tão esperado - e tenso - processo.
Vou confessar que é preciso muito mais paciência do que eu imaginava e muito mais desprendimento do que eu imaginava para lavar tanta cueca cagada, porque o xixi é moleza, mas já o cocô... exige um extra.
Mas também confesso que nunca me diverti tanto. Já são inúmeras histórias engraçadas dos momentos em que o Francisco não conseguiu chegar em tempo ao penico. Já fez xixi na porta de casa, todo arrumadinho pra ir pra escola. Já fez cocô na pracinha e eu tive que achar uma forma de resgatar o "bonito" e levar para o devido lugar lá em casa, e por sorte tinha um potinho de iogurte vazio por perto e saquinhos de biscoito vazios para o transporte seguro da carga perigosa.
Já fez cocô em pleno corredor do supermercado em meio as compras e neste dia perdemos um membro importante da nossa familia: a cueca. Coitadinha, não teve salvação. Foi pro lixo, sem dó nem piedade. Mas enfim, estas pequenas histórias tragicômicas são só para ilustrar o quão leve podem ser os processos se a gente enxergar desta forma.
Nesta fase crucial na vida de uma criança em formação, não adianta se estressar, não adianta brigar, nem tentar impor, pois é um processo que precisa acontecer naturalmente e de forma leve, sem pressão. Vai haver um momento em que simplesmente as coisas vão acontecer no lugar certo, podem ter certeza. É um processo fisiológico e cada criança tem seu tempo.
Mas uma coisa é certa: quando tirou a fralda, não coloque de volta. Se não era ainda o momento certo - e no caso do Francisco, acho mesmo que é cedo ainda - azar. Bola pra frente e um bom estoque de cuecas na gaveta. Outra providência que evita desgaste é a literal antecipação das cagadas, ou seja, vai sair de casa pra qualquer lugar? Roupas e cuecas numa mochilinha e artigos para higiene e limpeza são a salvação da lavoura. Escapou? Ok. Limpa, lava e torce pra da próxima vez dar tempo de chegar ao banheiro. Com bom humor e uma dose extra de desprendimento, todo mundo vai rir das histórias um dia, e o que é melhor, de cueca bem sequinha.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quando as pessoas que amamos vão morar longe.

Hoje é um dia de despedida.
Meus sogros e minha cunhadinha vão morar longe de nós. Mais precisamente, há umas sete horas daqui. E embora eu saiba que voltar pro interior sempre fez parte dos planos deles, sobretudo do meu sogro; que este sempre foi um assunto amplamente discutido em inúmeros almoços de domingo, nos encontros de família, lá no fundo sempre tínhamos a esperança de que com o passar do tempo as vontades fossem mudando e que eles acabariam desistindo, mas isso não aconteceu.
Então nos restou acolher e apoiar a vontade deles de retomar o estilo de vida interiorano, de poder circular sem medo pelas ruas, de poder ir de bicicleta a todo e qualquer lugar, de poder colher fruta direto do pé, criar alguns bichinhos, poder tomar banho de rio, ir pra escola a pé, viver de forma pacata e livre da tortura que às vezes morar nas grandes cidades representa.
E avaliando as coisas por este ponto de vista, até eu teria vontade de morar no interior. Mas o ponto não é este. O ponto é a saudade que vai ficar. Hoje quando queremos nos ver - e nos vemos, pelo menos uma vez por semana - pegamos o carro e em 10 minutinhos está tudo resolvido. Não será mais assim tão simples. Mas por outro lado, teremos mais um lugar pra ficar quando pensarmos em passear, em passar algum feriado prolongado fora ou até passar as férias de verão. O Francisco vai ter avós que moram no interior e eu me lembro muito bem como era legal ficar com meus avós, quando meus pais decidiram vir morar em Novo Hamburgo. Eu amava tudo na casa deles, o cheirinho do feijão do vô (principalmente quando dava uma queimadinha no fundo), a couve refogada da vó (sou fã de couve até hoje por causa dela), o pão feito em casa, o café da manhã com pão e melado. Correr pela rua, brincar de esconder no milharal do vizinho, não ter hora pra dormir e nem acordar. Férias nos avós representavam uma liberdade incrível. E com o Francisco não vai ser diferente.
E a saudade? A saudade muda com o tempo. Ela continua, mas não dói mais. E temos aí toda a tecnologia disponível para encurtar distâncias, mesmo que on-line.
Já falamos com o Francisco e explicamos para ele o que iria acontecer. Que os avós e a dinda iriam morar em outra cidade, mais longe e que não nos veríamos mais tanto. Mas que eles continuavam nos amando muito e nós a eles. As crianças têm uma capacidade surreal de adaptação, então nós adultos é que sofremos mais. A nós, resta desejar que este retorno às origens seja repleto de felicidade e realizações e que o adeus que vamos dar hoje não seja um adeus e sim, um até breve.