quarta-feira, 18 de maio de 2016

Minha manhã de hoje merece um post

Ser mãe de dois, às vezes me faz sentir que estou num seriado tragicômico. 
Cada dia um novo episódio.
O relógio desperta e deu aquela vontade de não sair da cama. Seis graus não é lá muito ameno pra começar o dia.
Os minutinhos a mais que fiquei na cama transformaram o resto das horas numa gincana.
Tomamos café, enquanto o Caetano já dava sinais de que estava acordado. Nos fingimos de surdos!
Terminei de comer e busquei ele e o Ico no quarto e depois de beijinhos e abracinhos de bom dia, eles foram tomar o café.
O Caetano acha que é adolescente e não quer mais tomar mamadeira. Quer mingau de banana com Mucilon. Isso significa o dobro do tempo e o dobro de lambuzo. Vamos à terapia do ok.
O Ico já se vira, toma seu lanche e inclusive leva o pratinho na pia quando termina. Thank´s God!
Só que ele vai direto pro sofá ver desenho, entra numa espécie de bolha e esquece que tem que tirar o pijama, botar o uniforme, escovar os dentes, etc... e eu fico lembrando ele a cada dois minutos, até encher o saco e ir lá, vestir a roupa nele.
Já o Caetano odeia o frio e todas as manhãs é o festival da "sofrência" para tirar o pijama e vestí-lo. Tento manter a calma e a serenidade até a poeira baixar, porque depois de vestido e quentinho, normalmente ele para de chorar. Não foi o caso hoje. Óbvio.
Enquanto isso, eu ainda estou de pijama, pensando que em menos de meia hora tenho que dar um jeito na cozinha e me arrumar.
Quando finalmente entro no quarto e começo a me vestir, o Caetano vem, agarra em minha perna, implora por colo e eu fico desviando dele, enquanto tento achar algo pra vestir nesse frio de dar dó. Sabe aquela coisa que nós mulheres temos de olhar o guarda-roupas e pensar "não tenho nada pra vestir", pois é, não tenho mais tempo pra isso.
Percebendo que não dei atenção pra ele, Caetano resolve entrar no guarda-roupa, no calceiro, bate a cabeça e começa a sofrência parte 2.
Aí, o Francisco - o super mano - chega e tira o Caetano de circulação pra eu poder me arrumar.
Estou me maquiando e o Caetano volta e derruba minha maleta de maquiagem.
Aí minha paciência vai pro saco e eu resolvo o problema levando ele e o Ico antes pro carro. Coloco o Caetano na cadeirinha, dou um brinquedo barulhento pra distrair e peço pro Ico ficar com ele ouvindo música.
Entro e termino a função.
Finalmente, vou sair de casa. Pego minha marmita com o almoço, a fruta, a bolsa, a mochila do Caetano, as chaves do carro e da casa, meu celular, meu óculos, saio e tranco a porta.
Entro no carro e o Francisco tá choramingando por que tem frio nas orelhas e não sabe onde colocou a touca. Entro de novo em casa, acho a touca e estou pra sair, quando tropeço na caixa com mil peças de montar e quase me esparramo no chão. Largo um "pata ca parau" - isso mesmo, eu falo PATA CA PARAU, um palavrão permitido para menores. E fecho a porta sem olhar pra trás.
Chego na escolinha do Caetano, vou tirá-lo do carro todo encasacado, e ele perde o tênis na rua, volto pra pegar, saio toda atrapalhada com ele pendurado de um lado, a mochila dele do outro e entrego pra profe.
Tem mais um pra levar, ainda.
Chego com o Francisco no Santa, mega atrasado e reclamando que "a gente sempre se atrasa", como se a culpa fosse toda minha.
- Hoje tem aula de culinária, mãe. Tu deu o dinheiro?
- Claro, filho. Já dei faz um tempão.
- Ah, bom. Por que tu sempre se esquece.
- Francisco, a mãe não é perfeita. Eu tenho mil coisas pra fazer todos os dias, posso esquecer de alguma coisa, né?
- Tu nem tem tanta coisa pra fazer. Eu já arrumo a minha cama.
Enfim, terminado este lindo diálogo, vou pro carro e sigo pro trabalho.
Amanhã, vou acordar mais cedo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Ser mãe é uma gangorra.

Quem disse que ser mãe é um mar de rosas?
Quem disse que trabalhar - mesmo sendo com o que se gosta - é um mar de rosas?
Quem disse que casamento ou qualquer relacionamento é um mar de rosas?
A vida é uma eterna gangorra, com altos e baixos o tempo todo e acho que é aí, nesta inconstância, que está o segredo para seguirmos em frente.
O 'desafio da maternidade', que tem gerado tanta polêmica, foi só mais uma destas brincadeiras sem muitas pretensões, mas que despertou nas pessoas sentimentos diferentes.
Afinal, não somos todos iguais. Nossas experiências não são iguais. 
E a maternidade tem várias nuances.
Eu sou mãe de dois meninos. Um de seis anos e outro de dez meses. 
Não fui mãe por pressão da sociedade. 
Ou por pressão do meu marido.
Não fui mãe por que acho que minha vida só seria completa se eu tivesse filhos.
Fui mãe por que eu quis.
Mas mesmo querendo muito, ser mãe não foi - e não é - fácil.
Eu acredito que tornar-se mãe é uma mistura de alegria e dor o tempo todo.
O primeiro ano de um bebê é cheio de desafios. 
Eu acho os primeiros três meses uma fase tão difícil que muitas vezes me perguntei "o que eu fui fazer da minha vida?". 
É desumano passar noites sem dormir. 
Não ter tempo de comer, ou de tomar banho. Ou se dar conta lá pelas onze da noite que tu ainda está de pijama.
É desumano perder a autonomia e ter que reorganizar a vida em torno daquele pequeno ser que precisa da gente para absolutamente tudo e não sabe sequer dizer o que quer.
Há dias em que a estafa física te deixa a beira de um ataque de nervos.
Têm dias em que o ataque de nervos é inevitável e o choro vem, e o desespero vem e a gente surta mesmo.
Muitas vezes amamentei chorando de dor.
Muitas vezes senti pânico ao ouvir o choro dos meus filhos, por não saber o que fazer.
Não tenho boas lembranças dos meses iniciais.
Tive depressão nos primeiros meses tanto com o Francisco, quanto com o Caetano e precisei de ajuda médica para passar por este período com mais tranqüilidade.
Mesmo que a mãe receba todo o apoio do mundo (do marido, das avós, ou de uma babá) o maior envolvimento recai sobre a mãe. Isto é fato.
Respeito demais as mães que não aceitaram o desafio por não se sentirem confortáveis com isso e mais ainda por expor este "lado B" da maternidade.
Mas o desafio pedia "momentos felizes". Talvez este tenha sido o erro. 
Respeito muito quem não quer ter filhos. Nem todo mundo quer.
Não acredito que para ser completa uma mulher precisa ser mãe.
Não acredito que todas as mulheres nasceram para ser mães.
Não acredito que uma mulher passe pela maternidade achando tudo o máximo e resolvendo com maestria e sorriso no rosto todos os problemas.
Não acredito que quem está pensando em ser mãe pense que vai ser fácil ou ache que vai ser feliz o tempo todo.
Mas eu acredito no amor e em tudo o que somos capazes de superar e fazer por amor.
E sei que mesmo sabendo de toda a dor que a maternidade possa causar (e há feridas que vão ficar expostas pro resto da vida) ainda assim, quem deseja ser mãe, quem deseja ter um filho (gerado ou do coração) vai encarar este desafio.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A solidão boa.

Eu nunca morei sozinha.
Grande parte da minha vida eu passei dividindo o quarto com a minha irmã e depois, fui dividir o quarto com o meu marido.                                                                                                                                                                                                                                                        
E acho que por isso eu sempre tive dificuldade de ficar sozinha.
Dormir sozinha? Nem pensar. Só se tivesse a TV ligada, me fazendo companhia.
Sempre gostei de estar no meio de gente, no burburinho, na companhia de alguém.
Mas o tempo foi passando e com a chegada dos filhos a casa foi enchendo - de barulho, de brinquedos, de atividades, de rotina - que são raros os momentos em que estou só comigo mesma.
Têm dias que sinto uma falta de mim. Há dias em que parece que me perdi no meio do caminho.
Não lembro de passar o hidratante, esqueço do perfume, não lembro quando foi a última vez que parei para ler um livro.
Fazia tanto tempo que não me fazia companhia. Mas hoje, tive a oportunidade de me reencontrar comigo mesma.
Eu só começava a trabalhar à tarde, mas o Fabricio tinha que ir de manhã. Como a escolinha abriu normalmente, levantei cedinho, como de costume, tomei café, arrumei o Francisco e o Caetano e levei pra escola. E com isso, ganhei algumas horas só pra mim.
Pode parecer pouco, mas quem tem filhos sabe como é raro tomar um banho mais demorado, ver o que se está a fim na TV, ouvir o som que se quer a hora que se quer.
Leva tempo pra retomar estas coisinhas simples.
Quantas vezes eu já fiz xixi (ou até cocô) com o Caetano pendurado nas minhas pernas.
Quantas vezes me atirei exausta no sofá e dois segundos depois o Francisco grita "manhêêêêêê".
Hoje nestas poucas horas só minhas fiz tudo o que eu tive vontade: organizei gavetas (amo fazer isso). Separei roupas pra doação.
Devolvi brinquedos e roupas que ganhei e que não usaria mais. Uma faxina daquelas com duplo sentido.
E entre uma gaveta e outra fui lembrando de como é bom estar comigo mesma. Sem culpa, sem pensar que é errado querer um tempo pra si mesmo.
Depois tomei um banho despreocupado, passei meu melhor hidratante, meu perfume preferido, fiz um make levinho e fui trabalhar com uma sensação de leveza, de paz.

Uma sensação de gratidão por tudo o que a vida tem me proporcionado e tudo que ainda tem por vir.