terça-feira, 5 de junho de 2012

Espelho, espelho meu, existe alguém que possa cuidar mais do meu filho do que eu?

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Quando o Francisco nasceu eu achei que podia fazer tudo sozinha. Afinal, havia me preparado para ser mãe. Fabrício e eu planejamos detalhadamente a chegada do Francisco. Passei nove meses lendo, me informando, assistindo vídeos, fazendo terapia, conversando com quem já tinha filhos, introgetando a ideia de ser mãe em mim. Teoricamente, eu sabia de tudo. Mas só teoricamente. A realidade foi bem diferente quanto ele saiu de mim. A cesariana inesperada, a frustração de não ter tido o meu filho como eu sempre sonhei (naturalmente), a demora para o leite descer, os primeiros dias de um bebê com fome intensa e a minha incapacidade de suprir suas necessidades, a ausência de sono e o cansaço extremo, desencadearam em mim um processo de depressão pós parto. E eu que sempre fui dona de mim, que sempre procurei resolver tudo sozinha, a ponto de impedir que as pessoas mostrassem que eram capazes, tive que aceitar o fato de que precisava de ajuda. Então eu passava mais tempo na casa da minha sogra do que na minha. Ela ficava com o Francisco para que eu pudesse fazer as tarefas que a psiquiatra tinha solicitado: sair, ver meus amigos, dar uma volta no shopping, mandar e-mails, dormir mais, assistir a uma comédia e aos poucos eu fui descobrindo como é bom confiar em outras pessoas e que apesar de eu achar que não, existem pessoas que podem cuidar do meu filho tão bem quanto eu.
E isso levou o Francisco a ser um bebê que já dormia fora de casa com dois meses de vida, que sempre transitou bem na sua cama ou na cama da casa da vovó. Que toma banho com a mãe, com o pai, com quem precisar. Ele acabou se tornando mais flexível e nós também. E hoje, com a mudança dos avós paternos do Francisco pro interior do Estado, eu estou passando por uma nova fase, que é confiar nos meus pais pra ficarem com ele. Não que eu pense que eles não têm capacidade, mas sempre achei a casa deles muito cheia de riscos: piscina, escadas, camas muito altas. Mas ontem ele ficou lá de novo e foi tão divertido, tão intenso, que ele não queria vir embora. Queria dormir na vovó. E acho que da próxima vez vai dormir. Ter a oportunidade de curtir os avós e os tios é uma coisa da qual nenhuma criança deveria ser privada e cabe a nós, pais, deixarmos nossos filhos livres e mais autônomos para crescer e ganhar o mundo, sem o peso de estarem presos aos pais por uma linha invisível e inviolável.