segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A fase do "não gotu esse".

Lembro muito bem do orgulho que eu sentia ao contar para todo mundo que o Francisco comia de tudo. Exibia um sorriso de orelha à orelha cada vez que listava todos os alimentos do cardápio dele, o que incluía brócolis, cenoura, beterraba, madioquinha, batata, pepino, tomate, ervilha, couve. Contava, toda cheia de mim, que ele comia Yakissoba, Risoto, comidinhas diferentes, todas as frutas e sempre estava disposto a experimentar algo novo.

Pois bem, eles fez três anos e entrou na fase do "não gotu esse". E não é que ele tenha experimentado e chegado a conclusão de que não gostou deste ou daquele alimento. Ele nem sequer experimenta. Olha, faz uma cara de nojo e fecha o assunto com o tradicional "não gotu esse".

O cardápio atual do Francisco inclui arroz, feijão, massa, pão, ovos, algumas carnes (exceto peixe), a grande maioria das frutas, exceto melancia e mamão, brócolis, beterraba e milho, além dos preferidos pepino, azeitonas e muito, muito iogurte. E lendo isso você pode estar pensando: "a Lola é louca. O Francisco come super bem, tem um cardápio bem variado e até saudável". Porém, quando o assunto é experimentar coisas novas e variar é que a coisa complica.

Ontem, por exemplo, tivemos dois momentos bem tensos.
Primeiro, no almoço, onde fiz uma carne de panela com batatas, salada de brócolis com milho e uma massinha com molho, só pra garantir. Estava tudo ótimo, sem exageros de temperos, mas ele não quis comer praticamente nada. A batata tinha problema porque estava no molho e o molho tinha coisinhas verdes desconhecidas. O brócolis era problema porque tinha milho e ele não tinha pedido e eu coloquei no prato. Sobrou a massinha com caldo de feijão e a esta altura ele já tinha ficado chateado por insistirmos que ele comece mais opções e ele acabou comendo nada a saindo da mesa, só de birra.  Depois, morrendo de fome, se atracou num abacaxi e foi aquilo o seu almoço.

Depois, já quase na hora do banho, depois de voltarmos do supermercado, tivemos uma discussão acalorada porque o mocinho torceu o nariz para farinha láctea. Gente, farinha láctea, coisa que toda criança gosta. E ele nem sequer aceitou experimentar na pontinha da colher. Fez uma cena digna de Oscar, com tossidas, ânsia de vômito e choro que parecia que o que estava sendo oferecido era água de boeiro. Depois de várias tentativas e negociações mal sucedidas, ele foi pro banho, sem lanche e teve que pensar um pouco sobre experimentar comidas novas. Depois de pensar ele me chamou pra conversar, pediu desculpas e disse que ia experimentar. Aí eu expliquei que para a gente saber se gosta e até que não gosta de alguma coisa temos que experimentar. Que isso faz parte e que a gente pode ter boas surpresas. Vamos ver se ele entendeu nos próximos dias. E se ainda não tiver entendido, não vamos desistir, persistência e paciência são a chave pra chegarmos lá.

E me contem, como é a alimentação dos seus pequenos?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Um banho de chuva pra ficar na memória.

Eu tenho um livro que adoro - 100 Coisas pra fazer com seu filho antes dele completar 11 anos (acho que é isso) - que fala de ideias muito simples, mas que deixam qualquer um feliz. Do tipo, comer a sobremesa antes do almoço, deixar de ir trabalhar um dia pra ficar curtindo o filho em casa, fazer cabaninha de lençóis, ir domir mais tarde, cineminha em casa, enfim, aquelas coisinhas que exigem muito pouco, mas fazem diferença e ficam nas nossas melhores lembranças de infância.
Tomar banho de chuva faz parte da minha lista pessoal e tive a oportunidade de fazer isso com o Francisco sábado, num daqueles dias em que a última coisa em que se pensaria é que iria chover.
Fomos ao supermercado (coisa que o Francisco adora, assim como eu), fizemos as compras, depois tomamos o tradicional sorvete de casquinha e quando estávamos saindo do super, eu empurrando o carrinho de compras com o Francisco em meio a sacos de pão, legumes, frutas e caixas de leite, desaba o mundo nas nossas cabeças e como ficava muito complicado sair correndo, porque o super estava megalotado, resolvi acatar a decisão de São Pedro e deixar a chuva molhar. O Francisco ria tanto e tão alto que as pessoas que passavam por nós riam também, tamanha a alegria e surpresa dele com cada pingo de chuva que caía no seu rosto. Chegamos no carro, ambos encharcados e morrendo de rir, quando eu avisto um guarda-chuva no banco de trás, mas a estas alturas eu nem queria mais.
Fomos pra casa ensopados e falando sobre como foi legal aquele banho de chuva e combinando que "di semana" (outro dia em francisques) a gente toma outro.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dicionário Francisques aos 3 anos

O Francisco está prestes a completar seus 3 aninhos e seu vocabulário tem crescido e rendido boas risadas.

Ergute = iogurte
Ergute com bolinha = iogurte com Nescau bolinha
Mondaranha = Homem Aranha
Pinguins de Madanacara = Pingüins de Madagascar (o filme, aliás o primeiro filme que ele assistiu no cinema)
Fazer o papai do céu = rezar
Di semana = amanhã ou outro dia (di semana eu vou na tua casa)
Não gótu essi = quando não aprova alguma coisa
Balu do alvo = o cavalo Bala no Alvo

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pai, faz tudo, amigo, parceiro, educador. O perfil dos pais mudou e quem ganha com isso somos nós.

Tenho andando meio sumida, pois a correria está punk rock até os ossos.
Mas não poderia de deixar de passar por aqui hoje, já que domingo se comemora o Dia dos Pais e registrar minha homenagem a todos os papais aqui no blog.
Ser pai nos dias de hoje é bem diferente do que há tempos atrás. Não que nossos pais não tenham sido bons pais, mas há 30, 40 anos ao pai cabia o papel de suprir a família financeiramente e cabia a mãe ficar em casa cuidando dos filhos e da casa para que tudo estivesse em dia quando ele voltasse do trabalho. Então, os pais ficavam com os filhos até o primeiro choro, ou até o primeiro cocô, para então devolvê-los para as mães, já que cuidar dos filhos era tarefa delas. Em resumo, eles acabavam ficando mais com a parte baby johnsons da história.
Os anos se passaram, os orçamentos encolheram, as mães tiveram que encarar o mercado de trabalho e ambos tiveram que aprender que um dia é composto por três turnos: trabalho, filhos e outros (aqui fica a organização da casa, a vida de casal, os amigos, o sono).
Então os pais tiveram que dividir as tarefas de igual para igual com as mães e encarar na mesma proporção o banho, a mamadeira, as fraldas sujas, a papinha, as birras, as idas ao super, as broncas e a educação dos filhos. E quem ganhou com isso foi todo mundo. Pai e mãe fazem tudo e se não tem um, tem o outro e a máquina continua sempre girando.
Então, aos pais de ontem, aos pais de hoje e aos que ainda sonham em viver esta tresloucada vida de pais um feliz dia dos pais e que vocês continuem sendo os super heróis da casa e servindo de inspiração para seus filhos.

E um mega blaster especial agradecimento ao pai do Francisco por ser meu parceiro incondicional na criação e educação do nosso filho. Fabri, obrigada por se doar de corpo e alma à nossa família e contribuir com seu jeito calmo e racional com o equilíbrio da nossa casa, mesmo quando eu e o Francisco parecemos que vamos surtar a qualquer momento. Obrigada por enlouquecer com a gente quando o assunto é dançar na sala, brincar de esconder, se fingir de lobo mau, usar uma roupa engraçada ou tocar na banda do Francisco. Obrigada por acordar de madrugada comigo, quando eu estava amamentando, só pra preparar o Francisco pra mim, mesmo sabendo que tu tinha que acordar às sete no outro dia. Obrigada por acordar ainda hoje, quando a noite não está tranquila por algum motivo. Obrigada por ser pai, mas também ser meu marido (que é outra pessoa bem diferente). Obrigada pelas palavras de amor sempre que eu achei que não servia pra ser mãe e achava que nunca conseguiria. Obrigada por ser "pãe" quando eu tenho que viajar a trabalho e obrigada por entender os meus momentos "fofoca com as amigas". Obrigada por ter esse brilho nos olhos quando olha pro Francisco e por todo o carinho e cada beijinho e abraço que tu dá nele, pois sei como isso vai torná-lo uma pessoa especial no futuro. Em resumo, te amamos muito e somos muito felizes ao teu lado. Feliz Dia dos Pais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Espelho, espelho meu, existe alguém que possa cuidar mais do meu filho do que eu?

Este post é um candidato ao Melhor post do Mundo, da Limetree.https://limetr.ee/br/home
Quando o Francisco nasceu eu achei que podia fazer tudo sozinha. Afinal, havia me preparado para ser mãe. Fabrício e eu planejamos detalhadamente a chegada do Francisco. Passei nove meses lendo, me informando, assistindo vídeos, fazendo terapia, conversando com quem já tinha filhos, introgetando a ideia de ser mãe em mim. Teoricamente, eu sabia de tudo. Mas só teoricamente. A realidade foi bem diferente quanto ele saiu de mim. A cesariana inesperada, a frustração de não ter tido o meu filho como eu sempre sonhei (naturalmente), a demora para o leite descer, os primeiros dias de um bebê com fome intensa e a minha incapacidade de suprir suas necessidades, a ausência de sono e o cansaço extremo, desencadearam em mim um processo de depressão pós parto. E eu que sempre fui dona de mim, que sempre procurei resolver tudo sozinha, a ponto de impedir que as pessoas mostrassem que eram capazes, tive que aceitar o fato de que precisava de ajuda. Então eu passava mais tempo na casa da minha sogra do que na minha. Ela ficava com o Francisco para que eu pudesse fazer as tarefas que a psiquiatra tinha solicitado: sair, ver meus amigos, dar uma volta no shopping, mandar e-mails, dormir mais, assistir a uma comédia e aos poucos eu fui descobrindo como é bom confiar em outras pessoas e que apesar de eu achar que não, existem pessoas que podem cuidar do meu filho tão bem quanto eu.
E isso levou o Francisco a ser um bebê que já dormia fora de casa com dois meses de vida, que sempre transitou bem na sua cama ou na cama da casa da vovó. Que toma banho com a mãe, com o pai, com quem precisar. Ele acabou se tornando mais flexível e nós também. E hoje, com a mudança dos avós paternos do Francisco pro interior do Estado, eu estou passando por uma nova fase, que é confiar nos meus pais pra ficarem com ele. Não que eu pense que eles não têm capacidade, mas sempre achei a casa deles muito cheia de riscos: piscina, escadas, camas muito altas. Mas ontem ele ficou lá de novo e foi tão divertido, tão intenso, que ele não queria vir embora. Queria dormir na vovó. E acho que da próxima vez vai dormir. Ter a oportunidade de curtir os avós e os tios é uma coisa da qual nenhuma criança deveria ser privada e cabe a nós, pais, deixarmos nossos filhos livres e mais autônomos para crescer e ganhar o mundo, sem o peso de estarem presos aos pais por uma linha invisível e inviolável.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gravidez na adolescência. Em pleno século XXI ainda acontece.

Hoje, saindo da nutricionista, entro no elevador e me deparo com uma menina que aparentava menos de 16 anos, grávida. Ela era muito mignon e aquele barrigão de final de gravidez me chocou e ao mesmo tempo me cortou o coração.
Se ter um filho, mesmo quando muito planejado, desejado e pensado já é meio complicadinho, imagina assim, quando se tem menos de 18 e uma cabeça cheia de conflitos e incertezas. Fiquei reparando nela e seu rosto era completamente sem expressão, como se não entendesse ainda o que estava acontecendo (e talvez não entenda mesmo). E apesar deste assunto (gravidez na adolescência) ser amplamente discutido desde sempre em casa (quando os pais dão abertura), na escola, na internet, com os amigos, nas revistas, nos livros, no mundo, ainda assim, tem meninas e meninos que se deixam levar pelo turbilhão hormonal e esquecem de um acessório indispensável: a camisinha. Sem falar em HIV, HPV e outras tantas doenças sexualmente transmissíveis que são evitadas com o uso dessa boniteza feita de látex. E voltando no tempo sei que eu também poderia ter engravidado se não tivesse tomado a iniciativa de contar aos meus pais sobre a minha idéia de começar a transar, mesmo sabendo que isso seria motivo de uma guerra sem precedentes lá em casa. Mas abrir o jogo e falar sobre o inevitável (pq o sexo é um dos nossos instintos mais primitivos) foi o que me salvou de entrar para as estatísticas. Eu comecei a tomar pílula e pronto. Mas mesmo assim, eu estava imune à gravidez, mas não a todo o resto. E quando a menina toma pílula nem sempre o menino que usar preservativo. O papo é mais ou menos assim: quando temos uma relação estável (e pros adolescentes dois meses já é pra sempre) confiamos na pessoa e temos certeza de que ela só transa com a gente. Então, não precisa usar. E assim os anos vão passando e os números de meninas grávidas e pais adolescentes amentando cada vez mais. Pular etapas e ter um filho tão jovem assim, por mais que se tenha apoio em casa, financeiro e até psicológico não é nada fácil e exige uma dedicação gigante para assumir a educação e a formação de uma pessoa, quando ainda estamos em formação, e ainda assim tentar continuar com todos os outros projetos que sempre temos aos 16, 18, 20 anos. Então cabe a nós, pais e mães de meninos e de meninas termos uma cabeça aberta para perceber (e aceitar) estes movimentos e seguir informando sempre, alertando e obeservando para evitar que uma fase tão bacana da vida seja atropelada por outra que poderia ser vivida bem mais adiante e de uma forma muito mais bonita e leve.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nascer é um milagre. Se tornar pai e mãe também é.

Ontem recebemos a confirmação do dia do nascimento do nosso afilhado Otto.
Seria na sexta-feira, às 16h30. Eu disse "seria", porque este menininho, que já mostrou ter personalidade, resolveu provar para todo mundo que ele viria quando ele quisesse.
E ontem, por volta da uma da manhã a bolsa se rompeu e logo mais ele veio ao mundo, no dia e do jeito que ele quis. Eu acho lindo quando a natureza trabalha, quando as coisas acontecem no momento certo e no caso do parto, é muito bom quando o bebê nasce quando realmente está pronto.
Mas lendo aquela mensagem no meu celular, foi inevitável relembrar os momentos que vivemos quando o Francisco nasceu. A ansiedade antes do parto, a vontade de ver o rostinho dele, de sentir seu cheiro, de tê-lo nos braços, de ter certeza que ele nasceu perfeito e com saúde.
Nascer é um milagre. Se tornar pai e mãe também é.
Como a gente muda quando tem um filho. O que antes nos dava nojo se torna super normal e até encaramos com humor. O choro que antes (vindo de outras crianças) nos estressava, é acolhido com amor. Deixamos de ser egoístas e passamos a nos preocupar primeiro com o outro, para lá no final lembrar que precisamos comer, que ainda não tomamos banho, que ainda não dormimos. Por um tempo, abrimos mão da nossa liberdade de ir e vir e ajustamos a nossa vida de acordo com o horário das mamadas, das sonecas, das trocas de fralda. Encaramos as viroses, as febres, as quedas, como guerreiros que, mesmo morrendo de medo por dentro, se mostram firmes para passar segurança para a tropa. E mesmo assim, temos um brilho nos olhos que só quem tem um filho entende. E à medida em que o tempo passa, vamos ficando cada vez mais apaixonados por aquele pequeno indivíduo que vai passar a sua vida tranformando a nossa.
Seja bem-vindo Otto. Sejam bem-vindos Bia e Glédson os novos membros dessa louca e incrível vida de pai e mãe.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MÃE é ser tudo e mais um pouco.

Quando eu decidi ser mãe jamais imaginei o real singificado que esta decisão teria na minha vida.
Eu apenas imaginava. Imaginava sobre o amor incondicional que eu sentiria pelo meu filho, imaginava sobre as noites mal dormidas, imaginava a emoção de ouvir Mãe pela primeira vez, da alegria ao ver o filho sorrir, do orgulho em vê-lo dar os primeiros passinhos.
Hoje eu percebo que Mãe é tudo e mais um pouco. Somos enfermeiras, amigas, chefs de cozinha,  professoras, roqueiras, bailarinas, palhaças, psicólogas, artistas, desenhistas, conselheiras, videntes e até passamos por chatas, quando não cedemos a certos caprichos de nossos pequenos, mas principalmente, somos leoas quando o assunto é defender nossos filhos.
Para saber o que é ser Mãe, não adianta, tem que ser.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O dicionário das crianças é muito mais divertido.

Aproveitei a pausa na loucura que está essa minha semana "corporativa" para publicar mais pérolas do Francisco, nesta sua fase tagarela.
Eu pucurô = eu encontrei
Eu não tenho saudade = eu não tenho vontade (de fazer algo, normalmente, quando convidado a fazer cocô)
Toca tchurathundum = quando ele quer ouvir o CD do Kid Abelha
Massinha de modelada = massinha de modelar
Melói = quando ele quer tomar um iogurte maior que danoninho ou cantando a música do kid abelha que fala "vem que eu te ensino como ser bem melói (melhor)"
Covi kiss = o canal discovery kids
Colinha = escolinha
Cóssa = calça
Foda = fralda
Bacaxi = abacaxi
eu modeu = eu te mordi
é minho = pra dizer que alguma coisa é dele "é minho cavalo"
culéi = colher, faca ou garfo
cótero = helicóptero
gol do intei = quando ouve barulho de foguete
 
 
 
 

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O milagre dos dois anos e seis meses.

Quem me acompanha no blog sabe da verdadeira saga que passamos lá em casa durante o processo de retirada das fraldas do Francisco. Foram exatamente dois meses de trabalho duro, que envolveu desde conversas e explicações de todos os tipos e timbres, até teatro de bonecos que faziam cocô e xixi no penico, além de inúmeros testes de paciência e até oferecimento de recompensas (as profes que não me leiam) para convencer o Francisco de que havia chegado o momento de abandonar as fraldas.
Mas o que aconteceu mesmo foi o que nós já sabíamos: ele fez tudo no tempo dele. Simples assim.
Completou dois anos e seis meses no dia 16 de abril e na última sexta-feira, após uma quinta-feira em que acabaram as roupas que tínhamos enviado na mochila, de tanto que ele fez nas calças, o que foi seguido de uma grande frustração da nossa parte, ele simplesmente fez tudo no penico. Quando cheguei na escolinha e vi que ele estava com a mesma roupa, quase morri de alegria. Aí a profe veio com a notícia que iria transformar a minha vida: "hoje, mamãe, o Francisco fez tudo no banheiro."
Foi quase como ganhar na loteria. Enchi ele de beijos e amassos, disse como sentia orgulho dele e ele ali com aquela carinha de realizado por me fazer feliz. E desde então, foi assim. Sábado e domingo e tudo no penico. Mas o que mais nos deixou impressionados e até assustados lá em casa foi a mudança de atitude do Francisco a partir deste momento "sem fraldas". Parece que apertaram um botão nele passando do modo "bebê" para o modo "criança". Junto com o penico veio um amadurecimento do tipo "mamãe, tô com sono", seguido de um deitar e dormir no sofá. Sem aquelas crises de choro, seguidas de uma volta de carro para pegar no sono.
Fomos almoçar na casa dos dindos dele e no meio de uma imensa muvuca ele simplesmente se deitou no sofá e ferrou durante duas horas. E no dia seguinte, lá em casa, fez a mesma coisa no sofá da sala. Eu assisti um filme inteiro e o Fabricio tirou aquele cochilo e ele ali, ferrado no sono. E ontem quando coloquei ele na cama, não precisei ficar junto. Bastou dizer que os amigos Neimar, Zezé, Pimpão e Alípio (todos bichinhos de pelúcia) iam dormir com ele, para que me desse um "boa noite, mamãe" e ali ficasse até às oito de hoje. Dois anos e seis meses. Gravem bem. Nesta fase acontece um milagre na vida das crianças. E os pais agradecem.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Espelho meu, tem alguém que possa cuidar do meu filho melhor do que eu?

Quando o Francisco nasceu eu achei que podia fazer tudo sozinha. Afinal, havia me preparado para ser mãe. Fabrício e eu planejamos detalhadamente a chegada do Francisco. Passei nove meses lendo, me informando, assistindo vídeos, fazendo terapia, conversando com quem já tinha filhos, introgetando a ideia de ser mãe em mim. Teoricamente, eu sabia de tudo. Mas só teoricamente. A realidade foi bem diferente quanto ele saiu de mim. A cesariana inesperada, a frustração de não ter tido o meu filho como eu sempre sonhei (naturalmente), a demora para o leite descer, os primeiros dias de um bebê com fome intensa e a minha incapacidade de suprir suas necessidades, a ausência de sono e o cansaço extremo, desencadearam em mim um processo de depressão pós parto. E eu que sempre fui dona de mim, que sempre procurei resolver tudo sozinha, a ponto de impedir que as pessoas mostrassem que eram capazes, tive que aceitar o fato de que precisava de ajuda. Então eu passava mais tempo na casa da minha sogra do que na minha. Ela ficava com o Francisco para que eu pudesse fazer as tarefas que a psiquiatra tinha solicitado: sair, ver meus amigos, dar uma volta no shopping, mandar e-mails, dormir mais, assistir a uma comédia e aos poucos eu fui descobrindo como é bom confiar em outras pessoas e que apesar de eu achar que não, existem pessoas que podem cuidar do meu filho tão bem quanto eu.
E isso levou o Francisco a ser um bebê que já dormia fora de casa com dois meses de vida, que sempre transitou bem na sua cama ou na cama da casa da vovó. Que toma banho com a mãe, com o pai, com quem precisar. Ele acabou se tornando mais flexível e nós também. E hoje, com a mudança dos avós paternos do Francisco pro interior do Estado, eu estou passando por uma nova fase, que é confiar nos meus pais pra ficarem com ele. Não que eu pense que eles não têm capacidade, mas sempre achei a casa deles muito cheia de riscos: piscina, escadas, camas muito altas. Mas ontem ele ficou lá de novo e foi tão divertido, tão intenso, que ele não queria vir embora. Queria dormir na vovó. E acho que da próxima vez vai dormir. Ter a oportunidade de curtir os avós e os tios é uma coisa da qual nenhuma criança deveria ser privada e cabe a nós, pais, deixarmos nossos filhos livres e mais autônomos para crescer e ganhar o mundo, sem o peso de estarem presos aos pais por uma linha invisível e inviolável.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mamãe, cadê o teu "tico"?

Foi aberta a temporada oficial das perguntas.
O Francisco está no auge da sua curiosidade sobre as coisas e agora, quando menos se espera, aparece com alguma pergunta nova.
Ontem, logo depois do banho, deitei com ele no sofá enquanto ele tomava mamadeira.
De repente ele olha pra mim e diz:
- mamãe, onde tá o teu tico?
e eu, meio sem jeito, respondo:
- filho, as meninas não tem tico, tem "perereca". Só os meninos é que tem tico.
e ele, nenhum pouco convencido, larga essa:
- teu tico sumiu, sim "senhoe", mamãe.
Quase morri de rir dele e percebi que isto é só o começo.

terça-feira, 20 de março de 2012

Ser mãe, muitas vezes é frustrante.

Hoje eu vou usar o meu blog como se fosse o meu diário, onde eu simplesmente escrevo como estou me sentindo, mesmo que isto signifique que eu possa parecer doida.
Ser mãe muitas vezes é frustrante. Mas ao mesmo tempo é um aprendizado constante neste exercício de saber lidar com as frustrações, por que um filho coloca em cheque muitas coisas na vida da gente. Um filho não vai sair das fraldas quando queremos ou achamos que ele deve. Um filho não vai aceitar sempre ir tomar banho no mesmo horário. Um filho nem sempre vai querer almoçar, mesmo que tu tenha se esmerado e feito a melhor refeição dos últimos tempos. Um filho é um ser humano como qualquer outro e independente da sua idade, vai ter momentos de mau humor, de birra, de conflitos e nós pais temos que aprender a entender e acolher estes sentimentos e lidar com eles de forma adulta e o mais racional possível. É isso que passa segurança. Mas falar, ou melhor escrever, é bem mais fácil do que agir. A birra que o Francisco fez ontem pra tomar banho me fez perder o controle de uma forma que me fez questionar se eu sirvo mesmo pra essa tarefa "quase santa" que é ser mãe. Depois que tudo foi resolvido e ele foi dormir, já mais calmo e consciente das razões da nossa briga, eu fui pro meu quarto e chorei muito. Acho que às vezes os pais também precisam de um colo, de alguém que diga por onde ir, de alguém que ensine o que fazer. Mas quando viramos pais, parece que automaticamente deixamos de ser filhos e isso nos faz pensar que temos que resolver tudo sozinhos. Ontem eu gritei, mesmo sabendo que gritar não leva a nada. Ontem eu acabei dando um tapa na bunda, mesmo sabendo que bater também não é a melhor saída e por fim, quando não tinha mais sentido tudo aquilo eu simplesmente abracei ele muito forte até as nossas respirações se acalmarem e a gente poder seguir com mais harmonia. Eu sei que quando eu ajo desta forma destemperada, descontrolada e até irada, o Francisco no fundo sabe que ganhou aquela briga de mim, mas mesmo assim, é difícil agir de outra forma, quando um padrão de uma vida e de uma educação interira foi nesta linha. E mesmo eu promotendo a mim mesma que faria tudo muito diferente, inevitavelmente, os padrões tendem a se repetir. Então, o que eu tenho que fazer daqui pra frente é romper com o padrão e me desafiar todos os dias a agir diferente. Me desafiar, esta é a questão. Todos os dias me desafiar a ser melhor.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Depressão pós parto: como lidar com esse inimigo das mães?

Tenho uma prima que acaba de ter bebê e ontem quando fui visitá-la voltei no tempo e me lembrei de como foram difíceis os três primeiros meses da minha vida de mãe. Por mais que eu tenha planejado a minha gravidez, por mais que eu tenha lido e me informado a respeito em livros, revistas, nas conversas com as minhas amigas já mães, nada disso se compara a ser mãe de fato.
E cá entre nós, a grande maioria das pessoas faz que esquece - ou até já esqueceu mesmo - o quanto este início é complicado. O tornar-se mãe vai muito além do momento parir. Diferente do que muitos dizem, quando nasce um bebê não nasce uma mãe. Isso leva tempo e talvez leve uma vida inteira. Aquela pessoinha que saiu da gente é completamente desconhecida, assim como nós somos desconhecidos para ela. São tantas as mudanças, de autonomia, de controle sobre as coisas, de responsabilidade, de hormônios, da relação de casal, da relação consigo mesma, que fica complicado saber lidar com tudo isso ao mesmo tempo. E quando no meu caso, a depressão comum nas primeiras 48 horas começa a se estender por dias e dias, tem que ligar o alerta vermelho. No meu caso eu demorei a admitir que eu estava em depressão pelo simples fato de não aceitar que uma pessoa (no caso eu) que está passando pelo momento mais sublime da sua vida possa se sentir triste 99% do tempo. Mas o Fabrício percebeu e ele tomou as atitudes que eu não teria tomado: chamou minhas amigas psicólogas e fizemos uma primeira consulta, ali mesmo na sala de casa e elas me convenceram de que eu precisava de ajuda profissional, que não conseguiria sair disso sozinha. Eu tremia cada vez que o Francisco chorava, eu não comia nada o dia todo, eu chorava sem parar e eu pensava o tempo todo que ser mãe tinha sido um erro. E na verdade tudo isso nada mais era do que um descompasso químico no meu organismo que foi resolvido em questão de alguns dias com medicamento (e nem eram dos mais fortes). Em quinze dias eu era uma nova pessoa. Mais segura, mais leve, mais consciente das minhas limitações e das minhas virtudes e quanto mais o tempo passava, mais forte eu me sentia, mais conhecimento sobre o jeitinho do Francisco eu tinha e as tarefas foram ficando cada vez mais fáceis. E hoje, quando olho pro meu jeito de lidar com o Francisco (como se eu estivesse me vendo de fora) sinto certo orgulho do tipo de mãe que eu estou me tornando (pq eu tenho ainda muito, muito a aprender ainda) e de como a maternidade é sim algo sublime. Depressão pós parto é muito comum, mas se tratada adequadamente, passa. Maternidade é para toda a vida.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A difícil tarefa de sair das fraldas.

O Francisco está com 2 anos e cinco meses e, meio que motivados pela empolgação das profes que afirmaram que grande parte da turminha do Francisco está tirando as fraldas, decidimos começar o tão esperado - e tenso - processo.
Vou confessar que é preciso muito mais paciência do que eu imaginava e muito mais desprendimento do que eu imaginava para lavar tanta cueca cagada, porque o xixi é moleza, mas já o cocô... exige um extra.
Mas também confesso que nunca me diverti tanto. Já são inúmeras histórias engraçadas dos momentos em que o Francisco não conseguiu chegar em tempo ao penico. Já fez xixi na porta de casa, todo arrumadinho pra ir pra escola. Já fez cocô na pracinha e eu tive que achar uma forma de resgatar o "bonito" e levar para o devido lugar lá em casa, e por sorte tinha um potinho de iogurte vazio por perto e saquinhos de biscoito vazios para o transporte seguro da carga perigosa.
Já fez cocô em pleno corredor do supermercado em meio as compras e neste dia perdemos um membro importante da nossa familia: a cueca. Coitadinha, não teve salvação. Foi pro lixo, sem dó nem piedade. Mas enfim, estas pequenas histórias tragicômicas são só para ilustrar o quão leve podem ser os processos se a gente enxergar desta forma.
Nesta fase crucial na vida de uma criança em formação, não adianta se estressar, não adianta brigar, nem tentar impor, pois é um processo que precisa acontecer naturalmente e de forma leve, sem pressão. Vai haver um momento em que simplesmente as coisas vão acontecer no lugar certo, podem ter certeza. É um processo fisiológico e cada criança tem seu tempo.
Mas uma coisa é certa: quando tirou a fralda, não coloque de volta. Se não era ainda o momento certo - e no caso do Francisco, acho mesmo que é cedo ainda - azar. Bola pra frente e um bom estoque de cuecas na gaveta. Outra providência que evita desgaste é a literal antecipação das cagadas, ou seja, vai sair de casa pra qualquer lugar? Roupas e cuecas numa mochilinha e artigos para higiene e limpeza são a salvação da lavoura. Escapou? Ok. Limpa, lava e torce pra da próxima vez dar tempo de chegar ao banheiro. Com bom humor e uma dose extra de desprendimento, todo mundo vai rir das histórias um dia, e o que é melhor, de cueca bem sequinha.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quando as pessoas que amamos vão morar longe.

Hoje é um dia de despedida.
Meus sogros e minha cunhadinha vão morar longe de nós. Mais precisamente, há umas sete horas daqui. E embora eu saiba que voltar pro interior sempre fez parte dos planos deles, sobretudo do meu sogro; que este sempre foi um assunto amplamente discutido em inúmeros almoços de domingo, nos encontros de família, lá no fundo sempre tínhamos a esperança de que com o passar do tempo as vontades fossem mudando e que eles acabariam desistindo, mas isso não aconteceu.
Então nos restou acolher e apoiar a vontade deles de retomar o estilo de vida interiorano, de poder circular sem medo pelas ruas, de poder ir de bicicleta a todo e qualquer lugar, de poder colher fruta direto do pé, criar alguns bichinhos, poder tomar banho de rio, ir pra escola a pé, viver de forma pacata e livre da tortura que às vezes morar nas grandes cidades representa.
E avaliando as coisas por este ponto de vista, até eu teria vontade de morar no interior. Mas o ponto não é este. O ponto é a saudade que vai ficar. Hoje quando queremos nos ver - e nos vemos, pelo menos uma vez por semana - pegamos o carro e em 10 minutinhos está tudo resolvido. Não será mais assim tão simples. Mas por outro lado, teremos mais um lugar pra ficar quando pensarmos em passear, em passar algum feriado prolongado fora ou até passar as férias de verão. O Francisco vai ter avós que moram no interior e eu me lembro muito bem como era legal ficar com meus avós, quando meus pais decidiram vir morar em Novo Hamburgo. Eu amava tudo na casa deles, o cheirinho do feijão do vô (principalmente quando dava uma queimadinha no fundo), a couve refogada da vó (sou fã de couve até hoje por causa dela), o pão feito em casa, o café da manhã com pão e melado. Correr pela rua, brincar de esconder no milharal do vizinho, não ter hora pra dormir e nem acordar. Férias nos avós representavam uma liberdade incrível. E com o Francisco não vai ser diferente.
E a saudade? A saudade muda com o tempo. Ela continua, mas não dói mais. E temos aí toda a tecnologia disponível para encurtar distâncias, mesmo que on-line.
Já falamos com o Francisco e explicamos para ele o que iria acontecer. Que os avós e a dinda iriam morar em outra cidade, mais longe e que não nos veríamos mais tanto. Mas que eles continuavam nos amando muito e nós a eles. As crianças têm uma capacidade surreal de adaptação, então nós adultos é que sofremos mais. A nós, resta desejar que este retorno às origens seja repleto de felicidade e realizações e que o adeus que vamos dar hoje não seja um adeus e sim, um até breve.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Dicionário Francisques aos dois anos.

Não tenho como deixar de registrar as maravilhas desta fase do Francisco: a descoberta da fala, das palavras e do significado de muitas delas. Sei que se eu não deixar gravado em algum lugar logo, logo isso vai se apagar da minha memória e eu vou me pegar tentando lembrar, sem conseguir. Então, lá vai.

dilossalo = dinossauro
tomá o almoço = almoçar
celôla = acerola
blóquili = brócolis
cami = carne
galinhão = frango (por causa da peça de teatro que ele viu que tinha uma galinha que era chamada de galinhão)
colação: coração (de frango, que ele ama e come quase um espeto sozinho, se deixar)
somimesa = sobremesa (o que vem depois de tomá o almoço)
João Pegu = como ele chama o primo João Pedro
Lala = como ele chama a prima Laura
Mathês = como ele chama o primo Matheus
Ico Cavalu Ne Môla = o nome dele é Francisco Carvalho de Moura
Fabício Cavalu Ne Môla = o nome do pai dele é Fabrício Carvalho de Moura
Lola Cavalu Ne Môla = o meu nome é Lola Carvalho de Moura
(conclusão: todos são "fulano" Cavalu Ne Môla pro Francisco)
Baquinho: barquinho
Olha uma luaaaaaa = quando ele vê uma lâmpada à noite
"eu não vô mais se tiste" = quando ele quer dizer "eu vou ser querido"
o Icoooo = quando ele quer fazer alguma coisa sozinho
Ico = Francisco
touada = torrada (o lanche preferido dele)
bata fria = batata frita (ele nunca come, mas sempre pede, só pra ver a gente rir dele)
tomá médio = tomar remédio
bani = o DVD do Barnei
muca = música
balão macu = balão mágico (seu CD preferido)
aebatadoe = tocar tambor ou ouvir a música "...sucesso arrebatador em lá américa central" do balão mágico
peadu = pelado
muca di boca = gaita de boca
cóqui - crocks
pijama di lua = pijama com estampa de estrelas que ele tem
pijama rótirrol = pijama com estampa de guitarras que ele tem