sexta-feira, 12 de maio de 2017

(im) Perfeitas Mães


Sabe quando eu entendi a minha mãe?
Quando eu me tornei uma.
A sua preocupação quando eu não queria comer.
A bronca quando eu dizia "não gosto" sem ter experimentado.
As ligações pro pediatra cada vez que a gente se machucava, ou tinha febre, ou dor de ouvido ou qualquer sinal de que alguma coisa não ia bem.
Todas as vezes que ela nos disse "quem manda nessa casa sou eu", quando não tinha mais argumentos.
Quando, mesmo muito cansada, ela arrumava tempo pra brincar, nos ajudar no tema ou simplesmente, nos dar um colo.
O interesse dela em saber quem eram nossos amigos, os pais dos nossos amigos e saber onde íamos, com quem íamos e que horas voltaríamos.
Todas as vezes que ela tentava explicar a diferença entre o certo e o errado.
Quando ela dormia enquanto contava uma história pra gente dormir.
Quando ela saía para jantar SOZINHA com as suas amigas.
O sua dedicação em organizar as nossas festas de aniversário.
As músicas que ela ouvia.
Os artistas que ela curtia.
Todas as vezes que ela e o pai saíram sem nós.
Todas as vezes que ela teve que negar determinado presente porque era caro demais.
Todas as vezes que ela me colocou no meu lugar.
Todas as vezes que ela queria estar no meu lugar só pra eu não sofrer.
Quando ela desligava o som pra eu me concentrar nos estudos.
Quando ela me dizia umas verdades mesmo sabendo que eu não entenderia naquele momento.
Mas sabe o que eu mais amo na minha mãe?
O fato dela ser (im) perfeita.
Aprendi sendo mãe que nenhuma mãe é perfeita.
Mães sofrem, choram, sentem raiva, falam sem pensar, não sabem todas as respostas.
Sentem medo, são inseguras, têm vontade de dar umas palmadas, têm vontade de sumir por cinco minutos.
Dão comida congelada, esquecem de ler a agenda, trocam o nome dos filhos.
Às vezes trocam uma fruta por um bolo só pra não brigar.
Mães têm dias ruins. Às vezes são elas que precisam de colo.
Às vezes elas só querem a SUA MÃE.
Mas no fundo todas as mães, cada uma do seu jeito e com as suas limitações, têm uma vontade enorme de acertar.
Todas elas têm um brilho incrível nos olhos quando falam de seus filhos.
Todas acham que seu filho é o mais lindo, o mais inteligente, o mais querido.
Todas amam louca e incondicionalmente e enfrentariam tudo para ver seus filhos felizes.
Elas morreriam por eles.
Elas matariam por eles.
Só as mães sabem a intensidade do que é ser mãe.

Uma homenagem a todas as mães e meu desejo de que todas vivam longa e intensamente esta aventura que é criar filhos neste mundo cheio de desafios.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Minha manhã de hoje merece um post

Ser mãe de dois, às vezes me faz sentir que estou num seriado tragicômico. 
Cada dia um novo episódio.
O relógio desperta e deu aquela vontade de não sair da cama. Seis graus não é lá muito ameno pra começar o dia.
Os minutinhos a mais que fiquei na cama transformaram o resto das horas numa gincana.
Tomamos café, enquanto o Caetano já dava sinais de que estava acordado. Nos fingimos de surdos!
Terminei de comer e busquei ele e o Ico no quarto e depois de beijinhos e abracinhos de bom dia, eles foram tomar o café.
O Caetano acha que é adolescente e não quer mais tomar mamadeira. Quer mingau de banana com Mucilon. Isso significa o dobro do tempo e o dobro de lambuzo. Vamos à terapia do ok.
O Ico já se vira, toma seu lanche e inclusive leva o pratinho na pia quando termina. Thank´s God!
Só que ele vai direto pro sofá ver desenho, entra numa espécie de bolha e esquece que tem que tirar o pijama, botar o uniforme, escovar os dentes, etc... e eu fico lembrando ele a cada dois minutos, até encher o saco e ir lá, vestir a roupa nele.
Já o Caetano odeia o frio e todas as manhãs é o festival da "sofrência" para tirar o pijama e vestí-lo. Tento manter a calma e a serenidade até a poeira baixar, porque depois de vestido e quentinho, normalmente ele para de chorar. Não foi o caso hoje. Óbvio.
Enquanto isso, eu ainda estou de pijama, pensando que em menos de meia hora tenho que dar um jeito na cozinha e me arrumar.
Quando finalmente entro no quarto e começo a me vestir, o Caetano vem, agarra em minha perna, implora por colo e eu fico desviando dele, enquanto tento achar algo pra vestir nesse frio de dar dó. Sabe aquela coisa que nós mulheres temos de olhar o guarda-roupas e pensar "não tenho nada pra vestir", pois é, não tenho mais tempo pra isso.
Percebendo que não dei atenção pra ele, Caetano resolve entrar no guarda-roupa, no calceiro, bate a cabeça e começa a sofrência parte 2.
Aí, o Francisco - o super mano - chega e tira o Caetano de circulação pra eu poder me arrumar.
Estou me maquiando e o Caetano volta e derruba minha maleta de maquiagem.
Aí minha paciência vai pro saco e eu resolvo o problema levando ele e o Ico antes pro carro. Coloco o Caetano na cadeirinha, dou um brinquedo barulhento pra distrair e peço pro Ico ficar com ele ouvindo música.
Entro e termino a função.
Finalmente, vou sair de casa. Pego minha marmita com o almoço, a fruta, a bolsa, a mochila do Caetano, as chaves do carro e da casa, meu celular, meu óculos, saio e tranco a porta.
Entro no carro e o Francisco tá choramingando por que tem frio nas orelhas e não sabe onde colocou a touca. Entro de novo em casa, acho a touca e estou pra sair, quando tropeço na caixa com mil peças de montar e quase me esparramo no chão. Largo um "pata ca parau" - isso mesmo, eu falo PATA CA PARAU, um palavrão permitido para menores. E fecho a porta sem olhar pra trás.
Chego na escolinha do Caetano, vou tirá-lo do carro todo encasacado, e ele perde o tênis na rua, volto pra pegar, saio toda atrapalhada com ele pendurado de um lado, a mochila dele do outro e entrego pra profe.
Tem mais um pra levar, ainda.
Chego com o Francisco no Santa, mega atrasado e reclamando que "a gente sempre se atrasa", como se a culpa fosse toda minha.
- Hoje tem aula de culinária, mãe. Tu deu o dinheiro?
- Claro, filho. Já dei faz um tempão.
- Ah, bom. Por que tu sempre se esquece.
- Francisco, a mãe não é perfeita. Eu tenho mil coisas pra fazer todos os dias, posso esquecer de alguma coisa, né?
- Tu nem tem tanta coisa pra fazer. Eu já arrumo a minha cama.
Enfim, terminado este lindo diálogo, vou pro carro e sigo pro trabalho.
Amanhã, vou acordar mais cedo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Ser mãe é uma gangorra.

Quem disse que ser mãe é um mar de rosas?
Quem disse que trabalhar - mesmo sendo com o que se gosta - é um mar de rosas?
Quem disse que casamento ou qualquer relacionamento é um mar de rosas?
A vida é uma eterna gangorra, com altos e baixos o tempo todo e acho que é aí, nesta inconstância, que está o segredo para seguirmos em frente.
O 'desafio da maternidade', que tem gerado tanta polêmica, foi só mais uma destas brincadeiras sem muitas pretensões, mas que despertou nas pessoas sentimentos diferentes.
Afinal, não somos todos iguais. Nossas experiências não são iguais. 
E a maternidade tem várias nuances.
Eu sou mãe de dois meninos. Um de seis anos e outro de dez meses. 
Não fui mãe por pressão da sociedade. 
Ou por pressão do meu marido.
Não fui mãe por que acho que minha vida só seria completa se eu tivesse filhos.
Fui mãe por que eu quis.
Mas mesmo querendo muito, ser mãe não foi - e não é - fácil.
Eu acredito que tornar-se mãe é uma mistura de alegria e dor o tempo todo.
O primeiro ano de um bebê é cheio de desafios. 
Eu acho os primeiros três meses uma fase tão difícil que muitas vezes me perguntei "o que eu fui fazer da minha vida?". 
É desumano passar noites sem dormir. 
Não ter tempo de comer, ou de tomar banho. Ou se dar conta lá pelas onze da noite que tu ainda está de pijama.
É desumano perder a autonomia e ter que reorganizar a vida em torno daquele pequeno ser que precisa da gente para absolutamente tudo e não sabe sequer dizer o que quer.
Há dias em que a estafa física te deixa a beira de um ataque de nervos.
Têm dias em que o ataque de nervos é inevitável e o choro vem, e o desespero vem e a gente surta mesmo.
Muitas vezes amamentei chorando de dor.
Muitas vezes senti pânico ao ouvir o choro dos meus filhos, por não saber o que fazer.
Não tenho boas lembranças dos meses iniciais.
Tive depressão nos primeiros meses tanto com o Francisco, quanto com o Caetano e precisei de ajuda médica para passar por este período com mais tranqüilidade.
Mesmo que a mãe receba todo o apoio do mundo (do marido, das avós, ou de uma babá) o maior envolvimento recai sobre a mãe. Isto é fato.
Respeito demais as mães que não aceitaram o desafio por não se sentirem confortáveis com isso e mais ainda por expor este "lado B" da maternidade.
Mas o desafio pedia "momentos felizes". Talvez este tenha sido o erro. 
Respeito muito quem não quer ter filhos. Nem todo mundo quer.
Não acredito que para ser completa uma mulher precisa ser mãe.
Não acredito que todas as mulheres nasceram para ser mães.
Não acredito que uma mulher passe pela maternidade achando tudo o máximo e resolvendo com maestria e sorriso no rosto todos os problemas.
Não acredito que quem está pensando em ser mãe pense que vai ser fácil ou ache que vai ser feliz o tempo todo.
Mas eu acredito no amor e em tudo o que somos capazes de superar e fazer por amor.
E sei que mesmo sabendo de toda a dor que a maternidade possa causar (e há feridas que vão ficar expostas pro resto da vida) ainda assim, quem deseja ser mãe, quem deseja ter um filho (gerado ou do coração) vai encarar este desafio.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A solidão boa.

Eu nunca morei sozinha.
Grande parte da minha vida eu passei dividindo o quarto com a minha irmã e depois, fui dividir o quarto com o meu marido.                                                                                                                                                                                                                                                        
E acho que por isso eu sempre tive dificuldade de ficar sozinha.
Dormir sozinha? Nem pensar. Só se tivesse a TV ligada, me fazendo companhia.
Sempre gostei de estar no meio de gente, no burburinho, na companhia de alguém.
Mas o tempo foi passando e com a chegada dos filhos a casa foi enchendo - de barulho, de brinquedos, de atividades, de rotina - que são raros os momentos em que estou só comigo mesma.
Têm dias que sinto uma falta de mim. Há dias em que parece que me perdi no meio do caminho.
Não lembro de passar o hidratante, esqueço do perfume, não lembro quando foi a última vez que parei para ler um livro.
Fazia tanto tempo que não me fazia companhia. Mas hoje, tive a oportunidade de me reencontrar comigo mesma.
Eu só começava a trabalhar à tarde, mas o Fabricio tinha que ir de manhã. Como a escolinha abriu normalmente, levantei cedinho, como de costume, tomei café, arrumei o Francisco e o Caetano e levei pra escola. E com isso, ganhei algumas horas só pra mim.
Pode parecer pouco, mas quem tem filhos sabe como é raro tomar um banho mais demorado, ver o que se está a fim na TV, ouvir o som que se quer a hora que se quer.
Leva tempo pra retomar estas coisinhas simples.
Quantas vezes eu já fiz xixi (ou até cocô) com o Caetano pendurado nas minhas pernas.
Quantas vezes me atirei exausta no sofá e dois segundos depois o Francisco grita "manhêêêêêê".
Hoje nestas poucas horas só minhas fiz tudo o que eu tive vontade: organizei gavetas (amo fazer isso). Separei roupas pra doação.
Devolvi brinquedos e roupas que ganhei e que não usaria mais. Uma faxina daquelas com duplo sentido.
E entre uma gaveta e outra fui lembrando de como é bom estar comigo mesma. Sem culpa, sem pensar que é errado querer um tempo pra si mesmo.
Depois tomei um banho despreocupado, passei meu melhor hidratante, meu perfume preferido, fiz um make levinho e fui trabalhar com uma sensação de leveza, de paz.

Uma sensação de gratidão por tudo o que a vida tem me proporcionado e tudo que ainda tem por vir.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A casa pode estar zonada, mas o coração está em ordem.

Eu venho de uma família onde sempre foi proibido deixar louça na pia. Sair sem arrumar a cama era motivo de bronca. O foco lá em casa sempre foi organização. Podíamos brincar, espalhar coisas pelo chão, mas depois, tudo tinha que voltar pro seu lugar e a casa tinha que ter aquele ar de limpinha, organizada, impecável. Cada coisa tinha o seu lugar. 
Por um lado, isso nos ajudou a ter responsabilidade nesta convivência num mesmo espaço, tendo consciência de que também éramos parte. Mas por outro, me fez crescer com um leve TOC.
Durante muito tempo me sentia mal quando uma almofada estava fora do lugar, ou se eu tinha que deixar a louça na pia, por estar com pressa, ou até por preguiça mesmo. Ou se a cama estava desarrumada, ou com roupas por guardar. Isso me deixava mal. Muito mal. Parecia que a qualquer momento ia chegar a minha mãe e me dar uma bronca, mesmo eu já tendo a minha casa.
Mas quando fui mãe pela primeira vez comecei a me dar conta de que era praticamente impossível manter tudo sempre em ordem, com aquele pequeno explorador, usando todos os cômodos da casa para brincar, inventar e descobrir o mundo. E com o passar do tempo comecei a me desprender dessa mania de organizar. Me dei conta de que passamos tão pouco tempo juntos, que não vale a pena ficar me preocupando com a simetria dos porta-retratos do aparador. O pouco tempo que temos tem que ser de brincadeira, de conversa, de envolvimento, de aproximação. A roupa, a louça, a casa, tudo isso pode esperar. O Francisco não pode. Ele cresce tão rápido que é muito fácil perder o fio da meada. Eu pisquei, e ele começou a andar. Eu pisquei, e ele começou a falar. Nem me dei conta e um dia ele leu uma frase inteira (neste dia eu chorei). Ele tem as suas questões, seus conflitos, tenho que estar inteira pra dar o apoio que ele precisa. E hoje, com dois filhos, tenho ainda mais urgência em viver tudo com eles. É urgente brincar, pegar no colo, fazer cócegas, dançar, cantar, ouvir como foi o dia, ajudar no tema. É urgente dizer "eu te amo", colocar na cama, ler uma história, ou fazer uma oração antes de dormir. É urgente construir esta parceria, ter tempo pra rolar no chão, brincar de monstro, tomar banho de chuva. É urgente ser mãe. Sempre que volto pra casa no fim do dia, tenho a impressão de que a casa vive zonada. Nunca mais as almofadas ficaram no lugar certo, nunca mais as cortinas ficaram no lugar certo. Sempre tem um brinquedo em algum lugar da casa. Se não é do Francisco, é do Caetano. Tu sempre corre o risco de tropeçar em alguma coisa, sentar em cima de alguma coisa que apita e tomar um susto. Hoje, por exemplo, a pia ficou lotada de louças. A prioridade foi dormir dez minutos a mais e resolver a estrela de Natal (tema de casa do Francisco), que mesmo tendo ficado até quase onze da noite fazendo (Fabricio, eu e ele), não secou direito e precisou de arremates pela manhã. A fitinha de pendurar na árvore não ficou boa, e fui procurar outra fitinha porque o dono da estrela estava preocupado com isso. O Caetano acordou com um sorriso tão lindo, que tive que ficar amassando ele mais tempo do que o normal. O cheirinho dele é inebriante. Eu me transporto para uma outra dimensão quando cheiro aquele pescocinho gordo. Tudo isso é urgente. Então, não tem problema a casa estar zonada, se o coração estiver em ordem.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Um dia de péssima mãe.

Desde que me tornei mãe tenho aprendido que a culpa é item de série na vida da gente. 
Mãe se culpa por tudo. Quando repreende um filho mais fortemente. Quando não consegue fazer uma refeição equilibrada por falta de tempo e deixa o filho comer qualquer coisa rapidinha de fazer. Quando não consegue contar uma história antes de dormir. Quando esquece de ler a agenda da escola. Quando esquece de comprar o presente de aniversário do amiguinho. Quando não manda suco no lanche. Quando não consegue brincar por que está podre de cansada. Quando deixa escapar um palavrão. Quando levanta a voz. Quando não tem paciência pra responder uma pergunta difícil (ou até uma fácil).
Eu poderia ficar aqui horas listando pequenas, médias e grandes coisas que nos enchem de culpa.
Mas quando eu tive meu segundo filho, proporcionalmente, minha culpa aumentou. Assim como proporcionalmente aumentou a quantidade de coisas para fazer, lembrar, arrumar, organizar, limpar, guardar e carregar. E isso que lá em casa somos super a favor da divisão de tarefas e todo mundo faz de tudo um pouco. Mas a impressão que tenho é que estas tarefas a mais não são compatíveis com minha memória. O pediatra dos guris já diria "viu? foi ser mãe depois de velha!"
E hoje eu tive um daqueles dias em que me senti uma péssima mãe. 
Esqueci da mochila da natação em casa, quando o Francisco adora nadar e o Fabrício já tinha deixado ele de sunga por baixo do uniforme, antes de sair pro trabalho. Morri de culpa por não ter separado os itens pra aula de culinária. Só duas coisinhas, queijo e um chocolate. O Francisco chegou de mãos abanando e eu toda sem jeito fui pedir mil desculpas pra profe, por ter falhado (de novo). 
Mas da mesma forma que me culpo, penso que não deveria pegar tão pesado comigo mesma. Tem tantas outras coisas que dão certo. Não é fácil mesmo conciliar tanta coisa junta. Tem horas que o cérebro dá uma travadinha e isso é normal e totalmente vida real. Aliás, assim como diz na música do Kid Abelha, "as coisas são mais fáceis na televisão". E acho que a gente tem que usar as armas que temos para ir colocando o trem nos trilhos. Usar os lembretes do celular, arrumar tudo na noite anterior, colocar mais responsabilidade no filho, para que ele comece a também ajudar nesta organização e tenha mais responsabilidade quando o assunto envolve as suas tarefas e deveres. Pedir mais ajuda, sem culpa e sem medo de parecer frágil. E até dar uma surtadinha às vezes. Afinal, quem nunca teve um dia difícil, ou se sentiu esgotado. O que não pode faltar nunca é o carinho, o amor, o "eu te amo", o cuidado, o zelo, a verdade em admitir que não somos perfeitos e que, mesmo falhando às vezes, continuamos amando muito e principalmente, tentando acertar. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Pai pra toda a obra.

Quando eu e o Fabrício estávamos pensando se teríamos ou não mais um filho, decidimos começar uma terapia de casal para facilitar o diálogo. O detalhe é que a primeira consulta era na quarta e eu descobri que estava grávida na segunda. Então, a terapia já não era mais pra decidir, e sim, para lidar melhor com o fato de já ter acontecido (ops!). E falamos muito sobre o papel do pai no processo da gravidez e depois dela. O pai tem um papel de pilar de sustentação, para ficar apoiando a mulher, de forma que ela se mantenha de pé ao longo de todo o processo. E como faz sentido. Eu realmente não sei como seria se não tivesse o Fabrício ao meu lado. Ele sempre foi um paizão. Daqueles que participam de absolutamente tudo. E vamos ser realistas, ter um recém nascido em casa é algo que exige muita dedicação e atenção, praticamente vinte e quatro horas por dia. E neste processo a mãe é quem mais vai se dedicar ao bebê e a rotina troca fralda, dá peito, faz arrotar, faz dormir é bastante desgastante no início. É natural o cansaço. Só que se este cansaço for muito grande pode até prejudicar a amamentação e a qualidade da dedicação ao bebê. Fora a bagunça hormonal, que nos leva da euforia ao caos em segundos. Por isso, o pai tem que ser pai pra toda a obra, não só para trocar fraldas, acordar junto durante a noite, dar banho e fazer o bebê dormir, como para assumir algumas rotinas da casa, liberando a mãe para se recuperar das noites mal dormidas e evitar aquela estafa física, que nos impede até de raciocinar, muitas vezes. Durante muito tempo a prioridade será o bebê e a rotina com ele é um looping infinito e ao mesmo tempo imprevisível, já que o recém nascido demora para organizar seus horários, para estabelecer o sono e chora por absolutamente qualquer coisa, já que é sua única forma de comunicação. O que pode levar a mãe a passar o dia todo de pijama, esquecer de comer, esquecer até de ir ao banheiro. Eu, várias vezes me dava conta disso, quando já era tarde da noite. Ter apoio é fundamental para tornar todo este início mais fácil. Ser centralizadora neste momento não é nada bom. E isso eu aprendi. Não importa se o jeito de fazer é diferente. Cada um vai ter seu jeito e não significa ser mais ou menos certo. O importante é que seja feito.
Então, mamães, deixem os pais se envolverem, permitam que eles experimentem essa conexão com o filhote, que se sintam tão importantes quanto a mãe. Deixem as avós e as dindas ajudarem. Lavar uma louça, dar uma geral na casa, fazer uma comidinha. Estas coisinhas simples tornam tudo mais tranquilo e poder dormir quando o bebê dorme ou tomar um banho demorado não tem preço.