quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A solidão boa.

Eu nunca morei sozinha.
Grande parte da minha vida eu passei dividindo o quarto com a minha irmã e depois, fui dividir o quarto com o meu marido.                                                                                                                                                                                                                                                        
E acho que por isso eu sempre tive dificuldade de ficar sozinha.
Dormir sozinha? Nem pensar. Só se tivesse a TV ligada, me fazendo companhia.
Sempre gostei de estar no meio de gente, no burburinho, na companhia de alguém.
Mas o tempo foi passando e com a chegada dos filhos a casa foi enchendo - de barulho, de brinquedos, de atividades, de rotina - que são raros os momentos em que estou só comigo mesma.
Têm dias que sinto uma falta de mim. Há dias em que parece que me perdi no meio do caminho.
Não lembro de passar o hidratante, esqueço do perfume, não lembro quando foi a última vez que parei para ler um livro.
Fazia tanto tempo que não me fazia companhia. Mas hoje, tive a oportunidade de me reencontrar comigo mesma.
Eu só começava a trabalhar à tarde, mas o Fabricio tinha que ir de manhã. Como a escolinha abriu normalmente, levantei cedinho, como de costume, tomei café, arrumei o Francisco e o Caetano e levei pra escola. E com isso, ganhei algumas horas só pra mim.
Pode parecer pouco, mas quem tem filhos sabe como é raro tomar um banho mais demorado, ver o que se está a fim na TV, ouvir o som que se quer a hora que se quer.
Leva tempo pra retomar estas coisinhas simples.
Quantas vezes eu já fiz xixi (ou até cocô) com o Caetano pendurado nas minhas pernas.
Quantas vezes me atirei exausta no sofá e dois segundos depois o Francisco grita "manhêêêêêê".
Hoje nestas poucas horas só minhas fiz tudo o que eu tive vontade: organizei gavetas (amo fazer isso). Separei roupas pra doação.
Devolvi brinquedos e roupas que ganhei e que não usaria mais. Uma faxina daquelas com duplo sentido.
E entre uma gaveta e outra fui lembrando de como é bom estar comigo mesma. Sem culpa, sem pensar que é errado querer um tempo pra si mesmo.
Depois tomei um banho despreocupado, passei meu melhor hidratante, meu perfume preferido, fiz um make levinho e fui trabalhar com uma sensação de leveza, de paz.

Uma sensação de gratidão por tudo o que a vida tem me proporcionado e tudo que ainda tem por vir.

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