terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quando as pessoas que amamos vão morar longe.

Hoje é um dia de despedida.
Meus sogros e minha cunhadinha vão morar longe de nós. Mais precisamente, há umas sete horas daqui. E embora eu saiba que voltar pro interior sempre fez parte dos planos deles, sobretudo do meu sogro; que este sempre foi um assunto amplamente discutido em inúmeros almoços de domingo, nos encontros de família, lá no fundo sempre tínhamos a esperança de que com o passar do tempo as vontades fossem mudando e que eles acabariam desistindo, mas isso não aconteceu.
Então nos restou acolher e apoiar a vontade deles de retomar o estilo de vida interiorano, de poder circular sem medo pelas ruas, de poder ir de bicicleta a todo e qualquer lugar, de poder colher fruta direto do pé, criar alguns bichinhos, poder tomar banho de rio, ir pra escola a pé, viver de forma pacata e livre da tortura que às vezes morar nas grandes cidades representa.
E avaliando as coisas por este ponto de vista, até eu teria vontade de morar no interior. Mas o ponto não é este. O ponto é a saudade que vai ficar. Hoje quando queremos nos ver - e nos vemos, pelo menos uma vez por semana - pegamos o carro e em 10 minutinhos está tudo resolvido. Não será mais assim tão simples. Mas por outro lado, teremos mais um lugar pra ficar quando pensarmos em passear, em passar algum feriado prolongado fora ou até passar as férias de verão. O Francisco vai ter avós que moram no interior e eu me lembro muito bem como era legal ficar com meus avós, quando meus pais decidiram vir morar em Novo Hamburgo. Eu amava tudo na casa deles, o cheirinho do feijão do vô (principalmente quando dava uma queimadinha no fundo), a couve refogada da vó (sou fã de couve até hoje por causa dela), o pão feito em casa, o café da manhã com pão e melado. Correr pela rua, brincar de esconder no milharal do vizinho, não ter hora pra dormir e nem acordar. Férias nos avós representavam uma liberdade incrível. E com o Francisco não vai ser diferente.
E a saudade? A saudade muda com o tempo. Ela continua, mas não dói mais. E temos aí toda a tecnologia disponível para encurtar distâncias, mesmo que on-line.
Já falamos com o Francisco e explicamos para ele o que iria acontecer. Que os avós e a dinda iriam morar em outra cidade, mais longe e que não nos veríamos mais tanto. Mas que eles continuavam nos amando muito e nós a eles. As crianças têm uma capacidade surreal de adaptação, então nós adultos é que sofremos mais. A nós, resta desejar que este retorno às origens seja repleto de felicidade e realizações e que o adeus que vamos dar hoje não seja um adeus e sim, um até breve.

Um comentário:

  1. Quando um comercial de cursinho pré-vestibular dizia que "difícil é a vida, vestibular a gente dá um jeito", ele tinha razão...

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