terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nem sempre seu filho tem razão.

Eu fico impressionada com algumas mães quando o assunto é a socialização dos pequenos. Quando colocam seus filhos em contato com outras crianças não os deixam interagir sem estar sempre apreensivas, prontas para defender sua cria em toda e qualquer situação.
Não querem que brinquem pq podem se machucar, não querem que sentem no chão pq podem se sujar, não deixam fazer nenhum movimento, pq podem cair. E aí quando as crianças têm a oportunidade de brincar com outras crianças, não se soltam, não conseguem tirar o sapatinho e pisar na terra, na grama, não conseguem se lambusar comendo com as mãos, não conseguem ser crianças.

Acho que acabei me soltando mais nesta questão por dois motivos: primeiro, pq o Francisco foi pra escolinha antes dos 4 meses. Certo ou errado, o fato é que por motivos profissionais não tive outra escolha e isso acabou me ajudando neste desprendimento. Neste lado de tocar minha vida durante boa parte do dia, enquanto o Francisco tocava a dele. Ele teve contato com mais crianças muito cedo e isso também ajudou na questão do desenvolvimento e para que ele mesmo descobrisse como se portar e a lidar com determinadas situações, como disputa por brinquedos, mordidas e noção de limites, horários e coletividade.
Segundo, pq tenho na minha família crianças em 3 idades diferentes e que convivem muito.
O Matheus, com 4 anos. O Francisco, com 2 anos e a Laura, a caçulinha com 1 ano e pouquinho. Neste convívio entre os primos acabei aprendendo a deixar as coisas irem acontecendo e a permitir que eles mesmos fossem descobrindo como resolver determinados problemas sozinhos. É claro, que não deixamos o circo pegar fogo para intervir. Mas damos a eles o tempo e o espaço necessários para tentarem negociar entre si e escolher a melhor alternativa. E quase sempre funciona. É claro que rola um empurrão aqui, uma tentativa de mordida ali, mas no fim de tudo, eles sempre acabam se entendendo e percebendo o que é certo e errado nesta quase etiqueta infantil.

Mas tem uma coisa que me impressiona mais ainda: o fato de algumas mães acharem que seus filhos sempre têm razão e não permitirem que eles aprendam a dividir, a compartilhar, a lidar com as diferenças de idade e com situações em que não podem agir de determinada forma ou fazer exatamente o que gostariam. Já vi muita mãe, quando outra criança pega o brinquedo do filho dizer "esse é do fulano" e não incentivá-lo a emprestar. O Francisco, por exemplo, é campeão de estar feliz da vida fazendo alguma coisa e quando percebe que alguém pegou um brinquedo dele que estava lá do outro lado da sala, sair correndo e querer pegar pra si. Eu sempre tento mostrar pra ele, que o brinquedo é dele sim, mas que ele pode emprestar, afinal, nem estava brincando com ele. E normalmente ele entende. Acaba sendo tudo uma questão de negociação.
Tem vezes que ele não quer emprestar algo pq está brincando superbem e eu também não forço, negocio com ele dizendo que se ele não quer emprestar agora, não tem problema, que quando ele quiser, ele empresta e ofereço alguma outra opção ao amigo. E segundos depois, normalmente ele resolve emprestar.
Dar um pouco mais de autonomia nesta hora acaba fazendo com que a criança aprenda sozinha a lidar com as situações, mesmo que no momento pareça que se instaurou o caos. A gente acaba tendo que falar a mesma coisa umas cem vezes e sem garantia que daqui há cinco minutos não vai acontecer tudo de novo. Mas a repetição leva a perfeição.

As crianças tem toda a capacidade do mundo para entender o que é certo ou errado, que tem determinados comportamentos aceitáveis e outros não. Que às vezes é sim e que às vezes é não. Basta falar claramente o que se quer e o que se espera deles em toda e qualquer situação. O Francisco fez escândalo uma vez só no supermercado para comprarmos algo que não havia sido combinado. Fomos firmes no nosso combinado, mesmo com ele berrando alucinadamente e se jogando no chão. Nos mantivemos firmes e quando chegamos no carro eu coloquei claramente que nunca mais queria que ele agisse daquela forma, que quando combinamos algo é para ser cumprido, que não gostamos do comportamento dele e que talvez ele não pudesse mais ir conosco ao super. De lá pra cá, sempre estabelecemos antes o que faremos, o que compraremos, se ele poderá escolher algo diferente ou não e tem ocorrido tudo bem. E mesmo não sabendo até quando, eu prefiro ir agindo desta forma clara e sincera comigo e com ele, pq tenho impressão que desta forma, estou contribuindo para formar uma pessoa mais preparada para a vida, que cá entre nós, não é muito fácil.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O que é isso, mamãe?

O Francisco já está dando os primeiros sinais de que logo, logo estará pronto para abandonar as fraldas. Na escolinha tem um colega que está passando por este processo e o nosso filho resolveu imitar o amigo. E eu que estava pensando em fazer este processo só no verão, tive que dar uma antecipadinha também.
Tirar as fraldas é um processo de independência muito bacana, tanto para a criança, quando para os pais, mas até chegar na fase de não usar mais fraldas de verdade e não deixar nada escapar, vai um bom tempo de treino de paciência, persistência e muitas situações engraçadas.
No domingo passado, eu experimentei deixar o Francisco sem fraldas, apenas de sunga. Ele tomava suco, tomava água e eu perguntando a cada cinco minutos "quer fazer xixi?" e ele sempre dizia "agora não". De repente, ele me diz "eu qué i banhero agóa" e eu fui com ele, mas quando chegamos, já estava todo molhado. Aí eu calmamente expliquei que não tinha problemas, que logo, logo ele ia conseguir chegar em tempo de fazer xixi no penico. Que isso era bem normal. Até mesmo pq ele não estava com um ar de muito preocupado com a situação.
Aí abortei a missão, coloquei a fralda de volta e tudo certo.
Aí na terça-feira, eu estava com ele tomando banho e ele acocado em frente a sua banheira, brincando com seus bonecos e cacarecos todos, enquanto eu tomava meu banho. De repente, eu sinto um cheirinho estranho e percebi que ele estava fazendo uma certa força.
Ele levanta super rápido e bem assustado com tudo o que aconteceu. Afinal de contas o que era aquela coisa marron que tinha saído de dentro dele? Eu fiquei surpresa com a situação de ele fazer cocô no chão, mas ele ficou mais surpreso ainda pq nunca tinha visto o seu próprio cocô naquela situação e até daquela forma, já que na fralda fica bem diferente. Ele me olhava com os olhos assustados e apontando pro cocô dizia, "mamãe, mamãe, ó, ó!".
A vontade de rir era imensa, mas eu percebi que se tratava de algo bem importante pra ele. Então me ajoelhei ao seu lado e expliquei que aquilo ali era o "seu cocô", que tinha saido dele e que quando a gente não usava fralda era assim mesmo. Falei para ele que fazer cocô era normal, que o papai e a mamãe também fazem e que agora íamos colocar na privada e ele ia ir embora e tal, e tal. Aí ele entendeu - ou fez que entendeu - e voltou a brincar.
Este processo mal começou e eu já pude perceber como esta etapa vai ser importante pra que o Francisco consiga mais independência, auto-confiança e auto-controle. E pra gente vai ser um exercício de paciência e de mostrar pra ele que não é pq deixou escapar um xixi ou um cocô um dia, que tu estará perdido.