segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Quando um tapa dói na alma.

Fiquei pensando se deveria ou não escrever este post, pelo simples fato de que ele relata algo de que não me orgulho. Mas decidi escrever, pois sei, que quem é pai ou mãe vai passar por isso um dia.

Quando eu fui criança não havia bullying. As crianças apontavam os defeitos umas das outras, debochavam e até eram bem cruéis, às vezes. Mas era só isso. Sem um nome diferente e nem tanta repercussão. Ficávamos de mal uns dias, não brincávamos mais com este ou aquele amiguinho, contávamos em casa, para as profes e tudo acabava se resolvendo. Eu ter trocado uma festa de 15 anos por uma plástica nas orelhas foi graças ao tal bullying. Mas tenho que admitir que fiquei bem melhor.

Da mesma forma como não havia recriminação às palmadas. Aliás, o que havia era o incentivo a elas, como forma de impor limites, educar e repreender. Eu até que levei poucas palmadas. O que mais levei foram varadas. Me lembro bem daquela árvore de chorão no nosso quintal, que tinha galhinhos finos e tão longos, que quase faziam a volta nas pernas. Não era nada bom levar uma daquelas. A árvore de chorão era altamente eficiente na repressão de travessuras.

Da geração de pais de hoje foi tirado o direito à palmada. O ato de bater em um filho se tornou algo extremamente condenável, porque tudo indica (e não digo que não faça sentido) que bater não resolve nada. Tanto é que lá em casa, tudo sempre se resolveu na base da conversa, dos pequenos castigos, da cadeirinha de pensar, do brinquedo que fica "imbrincável" uma semana ou mais, do corte da televisão ou do chocolate no final de semana.

E fomos levando assim até que na semana passada o Francisco nos desafiou tanto, mas tanto, que no final de tudo o que restou foram 4 palmadas na bunda dele e uma noite inteira de extrema culpa para mim. Me sentindo uma monstra, dormi mal, chorei sozinha e fiquei pensando se não poderia mesmo ter resolvido de outra forma. E a resposta é simples: até poderia, mas não foi possível naquele momento.

Como é difícil educar um filho. Saber o limite entre ser dura demais e branda demais. Conseguir ler nas entrelinhas quando a criança está te manipulando (e eles são ótimos manipuladores, vai por mim). Entender o momento certo de punir, de valorizar, de incentivar, de repreender.

Formar homens e mulheres de valor, respeitosos, que saibam lidar com as oscilações da vida, com os inúmeros nãos ao longo do caminho, que tenham uma postura de atitude diante dos desafios, que batalhem por um lugar ao sol, aceitando suas qualidades e seus defeitos, tudo passa pela edução, que é de total responsabilidade dos pais. Educar começa em casa e depois, continua na escola. E o tempo é curto. Muitos alertam que a base da formação do caráter de uma criança acontece até os seis anos e que depois é bem mais complicado educar, pois a base do caráter já está formada.

Não pretendo voltar a dar umas palmadas no Francisco, mas não posso prometer. Embora não queira repetir o modelo de educação que eu e muitos da minha geração tiveram, onde havia muito pouco espaço para o diálogo e tudo era muito unilateral.

Educar com base no amor é muito mais fácil. Uma criança precisa respeitar os pais pela autoridade que eles representam e não com base no medo. 

Temos ainda dois anos pela frente e gostaria muito acreditar que estamos no caminho certo.

2 comentários:

  1. Bah, Lola!!! Compartilho as tuas preocupações e angústias! Em muitas oportunidades também cheguei bem perto de dar umas palmadas na Emma, mas não cheguei às vias de fato. Ela sabe, no entanto, que estive bem perto de aplicar essa punição... Estou certa de que o Francisco se recuperou desse episódio em questão de minutos, mas a gente fica com uma culpa gigante nas costas, não?! Também tenho certeza de que tu e o Fabrício devem ser excelentes pais e que, no final das contas, o que importa é o exemplo que a gente dá todos os dias, através das nossas atitudes, conversas e pensamentos, assim como o amor e carinho que lhes dedicamos em tudo o que fazemos por e com eles. Um beijo grande e parabéns pelo teu blog!

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  2. Oi, Mari. Que bacana saber que tu "me lê". É muito bom poder compartilhar experiencias e até angústias com outras mães e pais que enfrentam as mesmas dificuldades. Ser pai/mãe é um aprendizado diário, mas ao mesmo tempo nunca um dia é igual ao outro. Um beijão em ti e na Emma.

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