segunda-feira, 30 de abril de 2012

O milagre dos dois anos e seis meses.

Quem me acompanha no blog sabe da verdadeira saga que passamos lá em casa durante o processo de retirada das fraldas do Francisco. Foram exatamente dois meses de trabalho duro, que envolveu desde conversas e explicações de todos os tipos e timbres, até teatro de bonecos que faziam cocô e xixi no penico, além de inúmeros testes de paciência e até oferecimento de recompensas (as profes que não me leiam) para convencer o Francisco de que havia chegado o momento de abandonar as fraldas.
Mas o que aconteceu mesmo foi o que nós já sabíamos: ele fez tudo no tempo dele. Simples assim.
Completou dois anos e seis meses no dia 16 de abril e na última sexta-feira, após uma quinta-feira em que acabaram as roupas que tínhamos enviado na mochila, de tanto que ele fez nas calças, o que foi seguido de uma grande frustração da nossa parte, ele simplesmente fez tudo no penico. Quando cheguei na escolinha e vi que ele estava com a mesma roupa, quase morri de alegria. Aí a profe veio com a notícia que iria transformar a minha vida: "hoje, mamãe, o Francisco fez tudo no banheiro."
Foi quase como ganhar na loteria. Enchi ele de beijos e amassos, disse como sentia orgulho dele e ele ali com aquela carinha de realizado por me fazer feliz. E desde então, foi assim. Sábado e domingo e tudo no penico. Mas o que mais nos deixou impressionados e até assustados lá em casa foi a mudança de atitude do Francisco a partir deste momento "sem fraldas". Parece que apertaram um botão nele passando do modo "bebê" para o modo "criança". Junto com o penico veio um amadurecimento do tipo "mamãe, tô com sono", seguido de um deitar e dormir no sofá. Sem aquelas crises de choro, seguidas de uma volta de carro para pegar no sono.
Fomos almoçar na casa dos dindos dele e no meio de uma imensa muvuca ele simplesmente se deitou no sofá e ferrou durante duas horas. E no dia seguinte, lá em casa, fez a mesma coisa no sofá da sala. Eu assisti um filme inteiro e o Fabricio tirou aquele cochilo e ele ali, ferrado no sono. E ontem quando coloquei ele na cama, não precisei ficar junto. Bastou dizer que os amigos Neimar, Zezé, Pimpão e Alípio (todos bichinhos de pelúcia) iam dormir com ele, para que me desse um "boa noite, mamãe" e ali ficasse até às oito de hoje. Dois anos e seis meses. Gravem bem. Nesta fase acontece um milagre na vida das crianças. E os pais agradecem.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Espelho meu, tem alguém que possa cuidar do meu filho melhor do que eu?

Quando o Francisco nasceu eu achei que podia fazer tudo sozinha. Afinal, havia me preparado para ser mãe. Fabrício e eu planejamos detalhadamente a chegada do Francisco. Passei nove meses lendo, me informando, assistindo vídeos, fazendo terapia, conversando com quem já tinha filhos, introgetando a ideia de ser mãe em mim. Teoricamente, eu sabia de tudo. Mas só teoricamente. A realidade foi bem diferente quanto ele saiu de mim. A cesariana inesperada, a frustração de não ter tido o meu filho como eu sempre sonhei (naturalmente), a demora para o leite descer, os primeiros dias de um bebê com fome intensa e a minha incapacidade de suprir suas necessidades, a ausência de sono e o cansaço extremo, desencadearam em mim um processo de depressão pós parto. E eu que sempre fui dona de mim, que sempre procurei resolver tudo sozinha, a ponto de impedir que as pessoas mostrassem que eram capazes, tive que aceitar o fato de que precisava de ajuda. Então eu passava mais tempo na casa da minha sogra do que na minha. Ela ficava com o Francisco para que eu pudesse fazer as tarefas que a psiquiatra tinha solicitado: sair, ver meus amigos, dar uma volta no shopping, mandar e-mails, dormir mais, assistir a uma comédia e aos poucos eu fui descobrindo como é bom confiar em outras pessoas e que apesar de eu achar que não, existem pessoas que podem cuidar do meu filho tão bem quanto eu.
E isso levou o Francisco a ser um bebê que já dormia fora de casa com dois meses de vida, que sempre transitou bem na sua cama ou na cama da casa da vovó. Que toma banho com a mãe, com o pai, com quem precisar. Ele acabou se tornando mais flexível e nós também. E hoje, com a mudança dos avós paternos do Francisco pro interior do Estado, eu estou passando por uma nova fase, que é confiar nos meus pais pra ficarem com ele. Não que eu pense que eles não têm capacidade, mas sempre achei a casa deles muito cheia de riscos: piscina, escadas, camas muito altas. Mas ontem ele ficou lá de novo e foi tão divertido, tão intenso, que ele não queria vir embora. Queria dormir na vovó. E acho que da próxima vez vai dormir. Ter a oportunidade de curtir os avós e os tios é uma coisa da qual nenhuma criança deveria ser privada e cabe a nós, pais, deixarmos nossos filhos livres e mais autônomos para crescer e ganhar o mundo, sem o peso de estarem presos aos pais por uma linha invisível e inviolável.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mamãe, cadê o teu "tico"?

Foi aberta a temporada oficial das perguntas.
O Francisco está no auge da sua curiosidade sobre as coisas e agora, quando menos se espera, aparece com alguma pergunta nova.
Ontem, logo depois do banho, deitei com ele no sofá enquanto ele tomava mamadeira.
De repente ele olha pra mim e diz:
- mamãe, onde tá o teu tico?
e eu, meio sem jeito, respondo:
- filho, as meninas não tem tico, tem "perereca". Só os meninos é que tem tico.
e ele, nenhum pouco convencido, larga essa:
- teu tico sumiu, sim "senhoe", mamãe.
Quase morri de rir dele e percebi que isto é só o começo.