quarta-feira, 12 de junho de 2013

A síndrome da calcinha paraglider.

Mais do que saber se existe vida após a morte, muitos casais querem saber como vai ser a vida sexual depois de colocar uma terceira pessoa na relação. Pode parecer alguma fantasia erótica, mas neste caso, a terceira pessoa (ou a 4a, ou a 5a) é um filho.
Não vou mentir, nos primeiros meses é bem complicado pensar (e fazer) em sexo.
Todas as atenções se voltam para aquele micro pedacinho de gente que só sabe chorar para dizer o que sente. E a rotina do mama, arrota, troca, dorme, acorda, mama, arrota, troca, dorme é bastante cansativa. Nos primeiros meses a gente vira "pai" e "mãe" mesmo e o sexo vira uma lembrança de um passado não muito distante.
Mas vamos ser sinceros, ser apenas pai e mãe am pm não é nada sexy.
Apesar de toda a mudança, de todo o cansaço, de toda a nova rotina que acaba vindo junto com os filhos, é importante manter um lugar sagrado para alimentar a relação de casal.
Um dia, numa conversa com minha terapeuta, ela me perguntou quem era a pessoa mais importante da minha vida e eu respondi em meio segundo: o Francisco. Questionei a cara de desapontamento dela e ela me falou uma coisa que me fez pensar. Que apesar do amor por um filho ser algo sem explicação, filhos são criados para serem autônomos, ganharem o mundo e viveram suas vidas, independente dos pais. Se colocamos o filho acima do relacionamento do casal, invariavelmente vai ficar faltando alguma coisa no futuro. Acho que aquela síndrome do ninho vazio vem muito disso.
As pessoas se realizam tanto como pais e mães e se dedicam tanto a isso, que ao longo dos anos vão esquecendo de se realizar nas outras áreas da vida e quando os filhos vão embora, fica faltando alguma coisa.
A vida, a rotina, a pressão vão nos colocando num modo automático onde não é difícil que tudo seja sempre igual. Precisa movimentar. Precisa abandonar aquela calcinha confortável que mais parece um paraglider (e isso vale para cueca também) e vestir algo mais sexy, mesmo não sendo tão confortável assim.
É muito mais fácil fazer as coisas sempre do mesmo jeito, do que mudar. Muitos casais que tem filhos passam por crises (e eu mesma já passei por algumas) pelo simples fato de pararem de olhar um para o outro. Os elogios vão só para os filhos. Os melhores presentes vão para os filhos. Quando estão juntos sem os filhos, só falam dos filhos. Param de sair sozinhos. Não tem tempo para ficar sozinhos e quando sobra tempo, não faltam desculpas. Então, o casal esfria e vai ficando só o "pai" e a "mãe". E casamento é a união de muitas coisas e uma das mais importantes delas acontece entre quatro paredes.
Então, aproveitando que hoje é o Dia dos Namorados, coloque o filho (ou os) pra dormir mais cedo ou envie a prole para a casa dos avós, ou chame a babá, e tire um tempinho só pra vocês dois. Encha seu marido ou esposa de elogios. Diga o quanto é importante para você. Fique junto, bem pertinho mesmo, não um em cada sofá. Abrace, amasse, dê um beijo demorado. Diga que ela é linda. Diga que ele é lindo. Lembrem daquelas coisas (que só vocês sabem) que fizeram com que um se apaixonasse pelo outro. Mas independente do que tenham planejado pra hoje, não percam a chance de ser "só" dois sempre que puderem. Casar é muito bom, mas namorar é muito melhor, mesmo já sendo casados. Feliz dia dos Namorados.



2 comentários:

  1. Boa tarde Lola! Quanto tempo não lia seus textos! bem, já se passou praticamente um mes do dias dos namorados... Mas sabe... esse conselho vale para qualquer epoca do ano! Fica tudo tão claro... percebo que não sou só eu, percebo que os problemas e as atitudes são as mesmas! Novamente... como em outras oportunidades, obrigada! Você é joia rara que escreve com o coração!

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  2. Oi Nilian. Tava sumida do blog. Trabalhando muito mais do que eu gostaria. Mas ok. Passei aqui e vi teu comentário que alegrou meu dia. Sabe que eu ficou muito feliz quando consigo tocar as pessoas e fazê-las pensar um pouquinho. É tão raro darmos esse tempo pra gente né? Que bom que tu gostou do texto. Um grande beijo pra ti.

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