terça-feira, 4 de junho de 2013

Dizer não, é dizer sim.

Tenho observado uma tendência perigosa na educação das crianças: a falta do "não".
Muitos pais têm aberto mão do seu direito de dizer não, para evitar o choro, a birra, os conflitos.
Parte disso tem nome: culpa.
A necessidade da grande maioria dos casais de trabalhar fora, faz com que pais e mães passem menos tempo com os filhos e no pouco tempo que tem juntos, não querem ficar repreendendo, brigando, educando.
O resultado disso são pequenos reis e rainhas que comandam a casa e definem a hora de comer, de brincar, de olhar televisão e até de dormir.
Crianças que se atiram no chão quando contrariadas, que batem nos pais, que não conseguem se portar em restaurantes, cinemas, supermercados ou na casa de estranhos.
Meninos e meninas com menos de 4 anos que não conseguem ouvir a palavra não sem surtar.
Que não respeitam professores (as), que não toleram limites e que não conseguem conviver em grupo.
Quem é pai e mãe sabe que, mais dia menos dia, todos vamos passar por um ataque de fúria no supermercado, por um tapa na cara, por um berreiro interminável, pela vergonha de ver um filho fazendo uma cena na frente de estranhos. Mas o fato é como lidar com isso. Como mostrar quem tem o crontrole e acima de tudo, fazer com que a criança entenda que não é na base do grito e do choro que ela vai ganhar o que quer. Se toda a vez que a criança chora ela ganha o que quer, é óbvio para ela que é assim que funciona: eu choro, eu ganho. E isso começa muito antes das primeiras palavrinhas. Quando bebês, já sabem manipular e fazer algumas relações de como as coisas funcionam ou podem funcionar.
O Francisco mesmo jogou um prato de lentilha no chão quando nem sabia falar, pelo simples fato de eu ter insistido para que ele comesse. Mas independente da ira que eu senti na hora, deixei bem claro que aquilo era errado e que teria uma conseqüência. Ele ficou sem almoço e só pode comer de novo na próxima refeição. E mesmo com o coração apertado, sabendo que ele ficaria com fome antes disso, não cedi. E nunca mais aconteceu. Não movemos nada da decoração da casa em função de ter um bebê circulando e também não pedíamos para fazerem isso quando íamos visitar alguém. Explicamos para ele desde cedo até onde ele poderia ir, que havia peças que não poderiam ser mexidas, nem tiradas do lugar e perdemos a conta de quantos "nãos" falamos até que ele entendesse. Ensinar é um exercício de repetição constante até que a criança assimile e cada vez me convenço mais de que não tem fim. Muitas vezes cansa, esgota até, mas uma criança precisa de limites até para sua própria segurança. Ela precisa saber que tem alguém acima dela, que responde por ela, que irá ampará-la e organizar a sua rotina. Uma criança sem limites se torna perdida e carente.
Vai testar todos os limites pelo simples fato de precisar que alguém diga, claramente, até onde ela pode ir.
Dizer não é dizer sim a crianças mais educadas, mais amorosas, menos rebeldes.
Dizer não é dizer sim a dolescentes mais conscientes de suas responsabilidades, mais respeitosos com os outros, mais engajados diante da vida.
Dizer não é dizer sim a adultos mais capazes de compreender seu papel no mundo e na sociedade.
Dizer não é dizer sim a pais e mães com mais capacidade de educar seus filhos com base no amor e na verdade, sem minimizar ou esconder a realidade.

2 comentários:

  1. Belo texto!
    Sabe que este é um tema que me preocupa muito, a educação. Meu bebê vai nascer em setembro eu penso "Que eu seja capaz de educar bem o meu filho!"
    Aliás, é um dos assuntos que me preocupa hehe

    ResponderExcluir
  2. Oi, Milene, que bom que tu gostou do texto. Também acho um assunto muito importante e tenho visto que muitos pais se ficam com pena de repreender e preferem deixar assim. Mas tenho certeza que tu vais saber a medida certa na hora de ensinar teu filho. Se nos basearmos sempre no amor e na verdade, tudo vai bem. Um bjão e continua acompanhando o blog.

    ResponderExcluir