sexta-feira, 16 de abril de 2010

Família êh, família ah, família...

Eu gosto tanto desta foto. Às vezes ainda levo um susto quando penso que já sou mãe. Esta semana mesmo, na janta das minhas amigas, a gente estava morrendo de rir lembrando de quando éramos adolescentes, dos micos sem precedentes que a gente pagava. Parece que foi ontem. E aí eu parei para pensar que eu vou começar a viver todas estas coisas de novo, mas agora no papel de mãe. Quantas vezes eu rangi meus dentes para o meu pai, porque ele não quis deixar que eu fosse numa festa, ou porque ele comprou um tênis "le cheval", quando o que TODAS AS MINHAS AMIGAS TINHAM era o Le CoqSportif. Quantas vezes eu fiquei louca com a minha mãe por ela exigir que eu arrumasse a bagunça do meu quarto ou por ela querer que eu comesse e levasse meu prato até a pia, ou quando ela me pedia para ajudar com a louça. Quantas vezes eu chorei porque eu tive que desligar o telefone após só uma hora e meia de bate papo com a minha melhor amiga que eu só tinha visto de manhã na escola e só ia ver de novo no outro dia (quanta coisa a gente tinha para conversar... e ele não entendia). Quantas vezes eu peguei carona com quem eu não conhecia, por que era amigo de um conhecido de uma amiga que também morava em Novo Hamburgo (na minha superpoderosa cabeça teen eu nunca corria perigo). Quantas vezes eu torci o nariz quando minha mãe me obrigava a ir naquele almoço de domingo na casa dos amigos deles (baita programa de índio, sem nada pra fazer e eu não era madura o suficiente - na visão deles - para ficar sozinha em casa). Quantas reuniões dançante na garagem de casa. Ouvindo Legião Urbana e desligando a luz quando meu pai se destraía. E ele ligando de novo e dizendo com voz firme "eu já disse que é pra essa luz ficar acesa". Eu adorava um menino, mas não tinha idade pra beijar na boca. Nosso amor acabou, claro... não tem como sobreviver a isso! Mas pensando bem, também acho que não vou querer que o Francisco beije aos doze. E fora todas as milhões de vezes que me apaixonei, desapaixonei, surtei, quis me matar, quis apenas morrer, chorei ouvindo Morrisey, sentada no chão da sala. Fora todas as milhões de vezes que prometi que NUNCA MAIS IA ME APAIXONAR DE NOVO. E na semana seguinte, já tinha um novo interessezinho na escola. Quantas vezes eu matei aula pra beijar na boca (e era uma delícia). Quantas vezes eu disse que ia estudar numa amiga e ia encontrar um namoradinho. Ah os hormônios adolescentes... acho que só com camisa de força pra deter. Mas tudo isso passou e hoje eu sou o que minha mãe foi um dia. Me preocupo com o futuro do meu filho, vou querer saber muito dele, onde ele vai, com quem vai, com quem vem, que horas. Vou querer saber da escola, das notas, dos temas. Vou querer saber quem são seus amigos, quem são os pais dos amigos. Vou negociar presentes, pq nem sempre dá pra comprar o que se quer. Vou querer saber dos amores, dos desamores, vou querer dar conselhos e acho que invariavelmente vou me pagar dizendo "no meu tempo"... para justificar alguma afirmação minha. E isso vai ser engraçado, pq sei todas que aprontei. Isto é fato. Não tem como mudar. E ai terei que me manter séria, como uma boa mãe e fazer de conta que sempre fui uma filha exemplar. Mas no dia que o Francisco ler este post, ele vai descobrir que como diz uma amiga minha "o meu passado me encomenda".

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