sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As expectativas insanas.

Domingo passado eu tomei uma importante decisão na minha vida: decidi retornar à terapia. Vocês não fazem ideia de como foi difícil chegar a esta conclusão e admitir que eu sou um ser humano complexo e completamente falível. O que aliás, é absolutamente comum a todas as pessoas humanas da face da terra, mas para mim é muito complicado admitir. Eu que sempre tive certeza de tudo, que sempre controlei tudo, que sempre tive total autonomia da minha vida, depois de me tornar mãe, me vi numa situação em que não controlo mais absolutamente nada. E esta falta de entendimento sobre este novo momento estava me levando a um nível de estresse - e às vezes de chatice - extremos, que não estavam contribuindo em nada na minha casa, no meu trabalho, na minha vida amorosa, na minha relação com meu filho.
Quando a gente decide ser mãe tem naquela visão romântica da maternidade: aquele bebezinho rosado, gordinho, que dorme o dia todo, mama em intervalos regulares de 3 horas e de vez em quando chora um pouquinho por causa de cólica. Só que como eu mesma falei, esta é uma visão romântica da maternidade. Aquele bebezinho não é um robô. É uma pessoa de carne e osso, com sentimentos, com vontades, com medos, que está sendo apresentada ao mundo através das nossas mãos e infelizmente - ou felizmente - nem tudo acontece dentro das nossas expectativas e desejos. E quando não conseguimos lidar com situações que fogem do nosso roteiro de perfeição e felicidade, nos sentimos culpados, frustrados e até podemos nos questionar se temos mesmo vocação para MÂE. E quando para ajudar, algumas pessoas fazem questão de também questionar a nossa competência materna, aí é que a coisa complica. E foi neste momento que eu voltei pro divã. Para descobrir que não existe boa ou má mãe, que o que existe, no meu caso, é uma pessoa tentando dar o seu melhor e aprendendo uma tarefa completamente nova e cheia de desafios. Voltei pro divã para entender que ninguém é feliz cem por cento do tempo, nem mesmo as mães. Para entender que neste momento só o que eu preciso fazer é relativizar as situações e sempre tentar enxergar pela ótica do Francisco: um menininho de pouco mais de um ano que ainda não sabe se expressar com palavras, mas que já consegue demonstrar tudo o que sente, basta prestar um pouquinho de atenção. Voltei, para entender que o meu tempo é diferente do tempo da mãe "A", da mãe "B" e da mãe "C" e que nesta coisa de maternidade não existe certo ou errado, existe o jeito de cada um e a forma como cada um encara as coisas. Retomei a terapia para entender que sentir raiva e culpa é absolutamente normal, desde que busquemos os reais motivos, porque ter tido um dia ruim no trabalho ou ter passado o dia todo com dor de cabeça não são motivos para perder o controle com o filho e o marido por motivos bobos e totalmente administráveis. Descobri que eu sou numa mesma pessoa mãe, profissional, mulher (no sentido mais sensual da palavra, pq mães também transam), esposa, amiga, irmã, filha, dona de casa e que muitas vezes tenho que organizar o meu dia de 24 horas para que cada uma destas pessoas que citei tenha o seu momento. O que pasmem, não é tão difícil assim. Desde que retomei pro divã se passaram apenas duas semanas, mas foi o suficiente para haver uma verdadeira revolução na minha vida. Voltei a minha leveza habitual. Voltei a ser aquela mãe moleca e espivitada que eu andava questionando e que percebi que essa sou eu. Estou amando encontrar em mim uma paciência que eu achava que não tinha vindo como ítem de série e confesso que tenho sentido orgulho desta evolução tão bacana. Sei que o autoconhecimento - na maternidade ou em qualquer momento da vida - é um passo fundamental para sermos melhores nas nossas relações e no caso da maternidade, formar pessoas melhores, já que sabemos que os filhos são resultado dos pais.

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